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Êxito duplo militar para Otan e Europa na Líbia

Por Por Yacine LE FORESTIER
24 ago 2011, 12h36

A França e o Reino Unido mostraram na Líbia a capacidade da Europa, representada pela Otan, de realizar uma operação militar bem-sucedida sem os Estados Unidos na liderança. Mas os europeus pagam o preço de divisões internas com consequências para as próximas missões.

Paris e Londres, líderes da intervenção, não esconderam a felicidade no momento em que o regime de Muamar Kadhafi desmoronava após mais de 40 anos no poder.

Seis meses depois do início das operações comandadas pela ONU, o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet, comemorou: “A operação teve sucesso porque a responsabilidade foi tomada por dois grandes países: o Reino Unido e a França”.

Esta ação marca uma transformação com um fato excepcional: os EUA optaram por não liderar uma intervenção militar da qual participaram. Assim, Paris e Londres substituíram Washington com o apoio de muitos países.

“Os britânicos e os franceses podem até dizer que conseguiram vencer mesmo com a retirada americana”, e sem tropas no terreno, disse François Heisbourg, conselheiro especial da Fundação para Pesquisa Estratégica.

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André Dumoulin, analista da Rede Multidisciplinar de Estudos Estratégicos (RMES), com sede em Bruxelas, faz outra análise da participação dos Estados Unidos, “os americanos disponibilizaram meios importantes quando necessário, mísseis no início” para destruir as defesas antiaéreas líbias, “instrumentos de reconhecimento, de guerra eletrônica e, perto do fim do conflito, intervieram de novo” na batalha de Trípoli com missões especiais de observação, ressaltou.

O sucesso do qual Reino Unido e França se gabam, deixa vestígios negativos na Otan e na União Europeia.

“Mais da metade dos 28 países da Otan se posicionaram contra esta guerra”, afirma François Heisbourg. “Países importantes como a Alemanha e a Polônia se recusaram a participar, apesar dos reiterados apelos. A Turquia teve um papel mínimo. Houve um evidente enfraquecimento político da Otan”, disse, acrescentando: “A Otan entrou em ação no dia 31 de março com os meios e a coordenação das operações, mas não tinha a direção política e a estratégia”.

As mesmas divergências se repetiram na União Europeia, causando efeitos colaterais. O projeto de defesa da Europa foi substituído por uma aliança franco-britânica que se revigorou militarmente. “A Europa como um conceito político e estratégico esteve totalmente ausente, essa é a triste realidade”, reconheceu um diplomata europeu.

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Muitos militares se questionam se a divisão da Otan que ocorreu na Líbia consiste em uma estratégia. Deixar que os europeus assumam missões nas regiões próximas, enquanto os Estados Unidos se concentram em operações mais vantajosas para eles, duradouras ou não.

Para François Heisbourg, é sem dúvida, uma possibilidade, dadas as dívidas dos Estados Unidos. Neste caso, a Europa será forçada a desistir da participação em intervenções como no Afeganistão, por falta de recursos. E deverá investir pesadamente em equipamentos, dos quais dependem dos EUA até o momento, como aviões de apoio aéreo, aparelhos de destruição de defesas antiaéreas e de observação.

“Estamos diante de um problema estrutural que é o de países europeus, por razões econômicas, não possuírem meios suficientes e tenderem a se apoiar nos Estados Unidos”, segundo André Dumoulin.

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