Ex-chefe da CIA diz que fim de autorização de segurança não o silenciará
John Brennan acusa a campanha eleitoral de Donald Trump de ter trabalhado com a Rússia nas eleições de 2016
O ex-diretor da CIA John Brennan disse que não será silenciado por Donald Trump. Sua declaração foi uma reação à decisão do presidente dos Estados Unidos de, ontem, revogar a autorização de segurança que lhe havia sido concedida durante o governo de Barack Obama.
Em um artigo publicado no jornal The New York Times, Brennan afirmou que a decisão de Trump foi politicamente motivada e que o presidente está desesperado “para proteger a si mesmo e aqueles próximos a ele”.
Na quarta-feira (15), o presidente republicano disse em um comunicado que cancelou a autorização de Brennan por suas “alegações infundadas e ultrajantes” sobre seu governo. O presidente também considera tomar medidas similares contra outras ex-autoridades que também o criticaram.
Trump disse ao Wall Street Journal que sua decisão teve relação com o inquérito federal em curso sobre uma suposta interferência russa na eleição de 2016 e um hipotético conluio com sua campanha presidencial.
“Eu o chamo de caça às bruxas manipulada, é uma armação”, disse Trump em uma entrevista ao jornal na quarta-feira. “E estas pessoas a lideraram.”
“É algo que tinha de ser feito”, acrescentou.
O presidente negou qualquer conluio. A Rússia disse não ter interferido, ao contrário do que mostraram as conclusões da comunidade de inteligência dos Estados Unidos.
Brennan, que comandou a Agência Central de Inteligência (CIA) no governo do presidente democrata Barack Obama, classificou as refutações de Trump como “conversa fiada” e prometeu não se calar, em seu artigo de opinião.
Segundo o ex-diretor da CIA, “as alegações de Trump que não houve conluio [com a Rússia] são, em uma palavra, bobagem”, escreveu.
“Trump claramente está muito desesperado para proteger a si mesmo e aqueles próximos a ele, e foi por isso que ele tomou a decisão politicamente motivada de revogar minha credencial de segurança em uma tentativa de assustar outros que poderiam ousar desafiá-lo”, completou.
(Com Reuters)