Os Estados Unidos confirmaram nesta sexta-feira que Ahmed Godane, chefe do grupo terrorista somaliano Al Shabab (“A Juventude”, em árabe), foi morto em um ataque realizado no início desta semana. “Retirar Godane do campo de batalha é uma grande perda simbólica e operacional para o Al Shabab”, disse John Kirby, secretário de imprensa do Pentágono, por meio de um comunicado. O terrorista era um dos homens mais procurados pelos EUA, que tinham estabelecido uma recompensa de 7 milhões de dólares (15 milhões de reais) para quem desse informações que levassem à sua captura.
O chefe terrorista foi alvo de ataques aéreos realizados na noite da última segunda-feira, na província de Shabeellaha Hoose, ao sul da Somália. O avião não pilotado disparou mísseis contra um comboio no qual ele viajava com outros extremistas da organização ligada à Al Qaeda. Segundo Kirby, antes da operação, os EUA receberam informações de inteligência que “indicavam fortemente” a presença de Godane na área.
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O governador da província, Abdikadir Mohamed Nur Sidii, disse que o ataque americano foi tão forte que “assolou toda a região”. “Eu nunca ouvi uma explosão tão forte e ensurdecedora após um bombardeio aéreo”, afirmou o político, segundo a rede americana CNN.
Ligação com a Al Qaeda – O Al Shabab surgiu em 2006 como um braço armado dos tribunais da sharia, a lei islâmica, na Somália, então assolada por uma guerra civil. Godane havia assumido o controle das ações do Al Shabab após um ataque aéreo dos Estados Unidos provocar a morte do então chefe da organização, Farah Ayro, em maio de 2008, mesmo ano em que o grupo foi incluído na lista de organizações consideradas terroristas pelo governo americano.
Em 2012, o chefe da organização declarou fidelidade à Al Qaeda. Em setembro de 2013, um atentado realizado pelo grupo ganhou repercussão internacional ao ter como alvo um shopping de luxo de Nairóbi, no Quênia. Armados com granadas e fuzis, os terroristas invadiram o shopping Westgate atirando em quem vissem pela frente. Mais de setenta pessoas morreram.
A maioria dos membros estrangeiros vem do Paquistão, Afeganistão, Sudão e Iêmen. Cada vez mais, porém, a organização tem alistado ocidentais. Nos Estados Unidos, o Al Shabab recrutou jovens de origem somali cujas famílias se estabeleceram em Minnesota. O financiamento do grupo provém da venda de drogas, de roubos, da exportação ilegal de carvão e da extorsão à beira das estradas somalianas.
O grupo, que pretende instaurar um Estado islâmico na Somália, controla regiões no sul e no centro do país. Os Estados Unidos apoiam uma força da União Africana que retirou os terroristas da capital, Mogadíscio, e de outras cidades desde 2011. Em comunicado, o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, descreve a organização como “a maior afiliada da Al Qaeda na África”.