Estatal holandesa pagará indenização para vítimas do Holocausto
Companhia ferroviária transportou 107.000 judeus para campos de concentração nazistas; pesquisa mostra a ignorância de europeus sobre o extermínio
A companhia ferroviária estatal holandesa NS aprovou a criação de uma comissão especial para compensar sobreviventes do Holocausto e suas famílias por ter transportado judeus para os campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A decisão foi tomada depois de uma intensa campanha conduzida pelo holandês Salo Muller, que teve seus pais assassinados pelos nazistas.
Por volta de 107.000 judeus foram transportados pela NS para o campo de concentração de Westerbork, de onde foram deportados para campos de extermínio como os de Auschwitz e de Sobibor, na Polônia. Somente 5.000 deles sobreviveram.
A companhia também tomou a medida para evitar uma batalha na Justiça depois que a estatal francesa SNCF foi condenada a pagar uma indenização por seu papel na deportação de 76.000 judeus franceses.
A SNCF acabou se desculpando pelos seus atos em 2010. Mais tarde, concordou com a criação de fundo de compensação, quando congressistas americanos ameaçaram proibir a companhia de fazer novos contratos ferroviários nos Estados Unidos.
A holandesa NS já havia se desculpado no passado por seu auxílio aos planos nazistas e contribuira para a renovação do museu em Westerbork. A empresa lucrou o que equivale hoje a 2,5 milhões de euros com o transporte dos judeus aos campos de concentração, segundo estimativas da emissora pública holandesa NOS.
Europeus sabem pouco sobre Holocausto
A decisão tomada pela estatal holandesa é importante, principalmente quando o interesse e o conhecimento sobre o Holocausto têm diminuído entre os europeus, como constatou uma pesquisa divulgada nesta semana.
O levantamento feito pela CNN mostrou que um em cada três cidadãos da Europa sabe pouco ou nada sobre o extermínio dos judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
A pesquisa foi conduzida pela consultoria britânica ComRes em setembro, com entrevistas a 7.092 pessoas de sete países – Reino Unido, França, Alemanha, Polônia, Hungria, Suécia e Áustria.
Além do pouco conhecimento sobre o Holocausto, a pesquisa também mostrou que um quarto das pessoas entrevistadas acredita que os judeus têm muita influência em negócios e finanças ao redor do mundo.