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“Erro da ditadura foi torturar e não matar”, disse Hitler ou Bolsonaro?

Publicações francesas de humor escracham o presidente brasileiro em suas edições deste mês

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 16 ago 2019, 18h17 - Publicado em 16 ago 2019, 16h27

Duas publicações francesas de humor/ironia dedicaram ao presidente Jair Bolsonaro críticas em ilustrações polêmicas.  O sarcástico Le Cahier de Vacance de Manu trouxe um teste na seção “história geografia” que mostra o Cristo Redentor, do Rio de Janeiro, com o rosto de Adolf Hitler, em uma alusão ao chefe de Estado do Brasil. A revista Charlie Hebdo, cuja redação sofreu um atentado terrorista em janeiro de 2015, estampou na sua última edição uma charge do presidente brasileiro com as calças arriadas e defecando sobre a bandeira brasileira, composta em parte por um sorvete.

O grau de sarcasmo e de grosseria dos desenhos a um líder democraticamente eleito, porém, tem como inspiração as frases e decisões do próprio presidente Bolsonaro, alinhado à extrema direita. O Charlie Hebdo tradicionalmente exibe com escracho suas críticas a quem quer que seja – do presidente francês, Emmanuel Macron, seus antecessores e até mesmo o profeta Maomé, razão pela qual sua redação foi atacada.

Na edição que está nas bancas na França, a revista claramente faz referência às insistentes declarações do líder brasileiro à palavra “cocô”, da qual ele se valeu para insultar os políticos de esquerda, ironizar as reivindicações de ambientalistas e criticar as atuais leis de respeito às terras indígenas.

“Não é bacana, senhor Bolsonaro, fazer cocô em cima de todo mundo!!”, diz um personagem oculto da charge. “É sim! Está bem! Eu faço cocô dia sim, dia não, para preservar o meio ambiente e o planeta!”

No último dia 9, ao ser questionado como conciliaria o crescimento econômico à preservação ambiental, o presidente sugerira justamente fazer “cocô dia sim, dia não” e dissera ser isso possível ao se “comer um pouquinho menos”.

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Charge de Nicolás Tabary: sarcasmo e grosseria como reflexo de declarações do presidente brasileiro. (Charlie Hebdo/Reprodução)

Uma das peças de pura ironia e sarcasmo da imprensa francesa, Le Cahier de Vacance de Manu  é publicado pela editora Flammarion na época do verão na França e tem como autores os humoristas Guillaume Meurice e Charline Vanhoenacker. Apesar do formato infantil, é dedicada aos adultos.

Na atual edição, trouxe sete questões acompanhando a charge e desafiou o leitor: ‘nas frases abaixo, você saberá encontrar aquelas que pertencem ao Terceiro Reich e as do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro?”

A primeira delas é: “O erro da ditadura foi torturar sem matar”, que Bolsonaro dissera em julho de 2016 em participação no programa Pânico, da rádio Jovem Pan. A segunda: “Eu não te estupro porque você não merece”, que fora dirigida pelo então deputado federal à sua colega Maria do Rosário (PT-RS) na Câmara, em 2014.

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Duas das sete frases elencadas são de Hitler, mas a brincadeira está na dúvida a ser gerada no leitor sobre terem sido proferidas por Jair Bolsonaro.  Uma delas diz que a conquista das massas depende de se dizer as coisas mais estúpidas ao povo. A outra, diz ser uma “catástrofe” ouvir a reflexão de uma mulher sobre os problemas existenciais.

Entre as demais, que teriam a coluna “Bolso” como resposta certa, está sua máxima “eu seria incapaz de amar um filho homossexual”, dita em entrevista à revista Playboy em 2011. Outra frase citada é de um discurso em 2017 em Campina Grande (PB): “não tem essa historinha Estado laico, não; O Estado é cristão”. A última foi proferida em 2017 no Clube Hebraica, no Rio de Janeiro, em menção aos quilombolas: “eles não servem para nada, nem mesmo para procriar”.

Em 1995, o Brasil e a Argentina tiveram um sério atrito diplomático quando o jornal Ámbito Financiero publicou uma charge que mostrava um brasileiro defecando carros. A ilustração fazia alusão ao acordo automotivo fechado entre os dois países que, para analistas argentinos, iria inundar o mercado local com veículos brasileiros.

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O Itamaraty foi consultado sobre possível reação do governo brasileiro às publicações francesas, mas o momento não recebeu nenhuma resposta.

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