O presidente da Turquia, Recep Erdogan, afirmou que a União Europeia deve abrir caminho para a adesão de Ancara ao bloco antes que o país aprove a candidatura da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte, a principal aliança militar ocidental. A candidatura da Turquia para o bloco europeu está congelada desde 2005.
A declaração feita nesta segunda-feira representa uma inesperada mudança de abordagem e ocorreu antes da partida de Erdogan para Vilnius, na Lituânia, onde acontece a próxima cúpula da Otan. Durante a fala, o presidente turco também afirmou que o fim da guerra na Ucrânia facilitaria o processo de adesão de Kiev à Otan.
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“Estou chamando esses países que estão fazendo a Turquia esperar na porta da União Europeia por mais de 50 anos”, disse Erdogan. “Primeiro, venha abrir o caminho para a Turquia na União Europeia e depois abriremos o caminho para a Suécia, assim como fizemos para a Finlândia”.
Questionado sobre os comentários de Erdogan, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse que, embora apoie a adesão de Ancara à UE, no que lhe diz respeito, a Suécia já cumpriu as condições exigidas para aderir à Otan.
Um porta-voz da Comissão Europeia, o órgão executivo da UE, disse que a ampliação da Otan e da UE são “processos separados” e que “o processo de adesão de cada país candidato é baseado nos méritos de cada país”.
No domingo, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, confirmou que o presidente Joe Biden e Erdogan conversaram no fim de semana sobre a adesão sueca à Otan, e concordaram em se encontrar em Vilnius para novas negociações. Ele disse que a Casa Branca está confiante de que a Suécia se juntará à aliança.
“Se acontecer depois de Vilnius – estamos confiantes de que acontecerá”, disse ele. “Não consideramos isso como algo fundamentalmente duvidoso. Esta é uma questão de tempo. Quanto antes melhor.”
Após a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro do ano passado, Suécia e Finlândia abandonaram políticas de décadas de não alinhamento militar e solicitaram adesão à Otan.
Enquanto Helsinque conseguiu sua aprovação, a solicitação sueca segue estagnada, já que a Turquia reforçou sua negativa à entrada do país na aliança e todos os Estados-membros devem ser favoráveis. O principal entrave está ligado à recusa do país em extraditar dezenas de curdos que Ancara afirma serem militantes foragidos após uma tentativa fracassada de golpe em 2016.
Para piorar, no início deste ano as relações entre Turquia e Suécia sofreram um grande golpe após uma manifestação em frente à embaixada turca em Estocolmo, durante a qual um político anti-imigração incendiou uma cópia do Alcorão. Em respostas, manifestantes turcos queimaram a bandeira sueca na frente da embaixada do país em Ancara.
No final de junho deste ano, as autoridades da Suécia aprovaram um novo protesto envolvendo a queima de um Alcorão do lado de fora de uma mesquita no centro de Estocolmo, uma decisão que deve afetar ainda mais a tentativa de ingressar na Otan durante a cúpula desta semana.