Em visita histórica, Ahmadinejad chega ao Cairo
Recebido pelo presidente Mohamed Mursi, ditador vai participar de reunião de cúpula de países islâmicos. Os dois já conversaram sobre a situação síria
O ditador do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, desembarcou nesta terça-feira no Cairo para uma reunião de cúpula dos países islâmicos, na primeira visita de uma autoridade iraniana em exercício ao Egito desde 1979. Ahmadinejad foi recebido pelo presidente egípcio, o islamita Mohamed Mursi.
“Vou tentar abrir o caminho para o desenvolvimento da cooperação entre Irã e Egito”, afirmou Ahmadinejad, citado pela agência oficial Irna, antes de viajar para o Cairo, onde participará da reunião de cúpula da Organização de Cooperação Islâmica (OCI).
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Os dois chefes de estado se reuniram na sala presidencial do aeroporto, onde analisaram medidas para resolver a crise síria “sem uma intervenção militar”, além de conversar sobre a situação regional e as formas de reforçar os laços bilaterais.
Durante esta terça, Ahmadinejad deve se reunir com o xeque da instituição sunita de Al-Azhar, Ahmed al Tayyip, e à tarde com diretores de jornais egípcios. Antes de viajar ao país árabe, ele havia dito em Teerã que “se o Irã e o Egito tomarem uma mesma posição perante o caso palestino, a geografia política da região mudará”, informou a agência de notícias iraniana Fars.
Diplomacia – Cairo e Teerã romperam laços em 1979, com a vitória da revolução iraniana, depois que o governo egípcio decidiu acolher em seu território o xá deposto, Mohammed Reza Pahlevi, e devido à assinatura dos acordos de paz de Camp David entre Egito e Israel.
Mursi viajou em 30 de agosto para Teerã, na primeira visita de um chefe de estado egípcio em mais de 30 anos, para entregar a Presidência do Movimento dos Países Não-Alinhados ao Irã em uma cúpula. Com a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, o Irã quer estreitar os laços com o Egito.
Justiça – A chegada do ditador ao Cairo coincide com a detenção nesta terça do ex-procurador-geral de Teerã Said Mortazavi, próximo de Ahmadinejad. O ex-procurador-geral da capital é objeto de uma investigação judicial por seu papel na morte na prisão de manifestantes detidos durante os protestos após a polêmica reeleição de Ahmadinejad em 2009.
No domingo, Mortazavi foi objeto de um intenso debate no Parlamento, onde Ahmadinejad e o presidente da Câmara, Ali Larijani, trocaram acusações de corrupção, nepotismo e imoralidade, uma situação sem precedentes entre dois dirigentes em guerra aberta há vários meses.
(Com agência France-Presse)