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Em um dia, mais de 1.000 sírios fugiram para a Turquia

Opositores ao regime de Bashar Assad convocam tribos para mais protestos

Por Da Redação
9 jun 2011, 11h02

Mais de 1.000 sírios atravessaram nas últimas 24 horas a fronteira de seu país com a Turquia para escapar da repressão imposta pelo regime de Bashar Assad, informou nesta quinta-feira a agência semioficial de notícias Anadolu. Os sírios fogem de uma possível represália do ditador na localidade de Jisr al-Shugur, a cerca de 20 quilômetros da fronteira turca, onde 120 policiais foram assassinados. Os refugiados foram destinados a um acampamento criado na cidade fronteiriça turca de Yayladagi, para onde também foram enviadas ambulâncias para cuidar de possíveis feridos.

Um porta-voz municipal disse que, desde quarta-feira, 1.050 sírios cruzaram a fronteira. Amparados pela organização civil Luna Roja, eles recebem três refeições por dia. De acordo com o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu, o número de pessoas que buscaram refúgio em seu país nos últimos dias já totaliza 2.400. Devido ao agravamento da situação na Síria e ao crescente interesse da imprensa estrangeira no assunto, o Ministério das Relações Exteriores turco decidiu estabelecer um centro de imprensa em Yayladagi, onde fica o campo de refugiados.

A agência Anadolu ressaltou que o número de sírios que fugiram à Turquia aumentou significativamente desde quarta-feira, depois de o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmar que as portas da Turquia não se fecharão a este povo. “Neste momento, fechar nossas portas (aos sírios) está descartado. Os eventos na Síria são tristes e nós os acompanhamos com preocupação”, comentou Erdogan, enquanto seu ministro de Exteriores, Ahmet Davutoglu, ressaltou que a Turquia se prepara para uma entrada maciça de sírios.

A opinião pública no Ocidente está chocada com o derramamento de sangue na Síria, no momento em que a população segue o exemplo de outros países árabes para tentar derrubar um governo autocrático. A Grã-Bretanha e a França pediram ao Conselho de Segurança da ONU que condene Assad, apesar de as potências mundiais não terem demonstrado interesse em qualquer tipo de intervenção militar semelhante ao utilizado contra a Líbia. A Rússia, por exemplo, declarou que se opõe a qualquer resolução sobre a Síria. “Do nosso ponto de vista, a situação não é uma ameaça para a segurança e a paz no mundo”, afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores russo, Alexander Lukachevich.

Apelo – A situação no país chamou a atenção também do papa Bento XVI, que pediu nesta quinta-feira às autoridades sírias que respeitem a “dignidade inalienável” das pessoas. “O caminho para a unidade e a estabilidade de toda nação passa pelo reconhecimento da dignidade inalienável de toda pessoa humana, que deve ser o eixo das instituições, das leis e da ação das sociedades”, afirmou o pontífice, ao receber no Vaticano o novo embaixador sírio na Santa Sé, Husan Edin Aala. “É importante dar prioridade ao bem comum e não aos interesses pessoas ou de partidos”, acrescentou.

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A alta comissária da ONU para os direitos humanos, Navi Pillay, também pediu às autoridades do país o fim dos ataques contra os direitos humanos essenciais de seu próprio povo. “É lamentável que um governo tente submeter a população com agressões, usando tanques, artilharia e franco-atiradores”, disse, em comunicado. “Chegam a nós cada vez mais informações alarmantes sobre os constantes esforços do governo sírio para esmagar impiedosamente as manifestações civis.” Navi pede que Damasco aceite que a ONU envie uma missão para investigar todas as alegações de violações de direitos humanos, incluindo a morte de 120 membros das forças de segurança.

Protestos – Apesar dos apelos, os protestos não cessam no país. Os militantes pela democracia convocaram uma nova jornada de manifestações na sexta-feira. “As tribos apoiam qualquer revolucionário. O povo quer fazer cair o regime de maneira pacífica e sob a bandeira da unidade nacional”, destaca a página do Facebook da Sirian Revolution 2011, motor do movimento de contestação, que batizou a ocasião de Sexta-feira das Tribos. “Apoiamos a revolução desde o primeiro dia. O regime tem que saber que todos os componentes de sociedade se opõem a ele”, enfatiza um comunicado das tribos da cidade de Homs (centro), publicado na mesma página do Facebook.

As tribos de Haurane, região do sudoeste da Síria que inclui as cidades de Deraa e Sueida, também manifestaram apoio às manifestações e convocaram as tribos de de Alep, Deir Ezzor, Raqa, Homs. As tribos da Síria, constituídas por grandes famílias e com um peso social importante, se tornaram sedentárias. Estão instaladas sobretudo na regiões leste e nordeste da Síria e várias delas são leais ao regime.

(Com agências EFE, France-Presse e Reuters)

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