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Em ‘Dia de Ira’ no Egito, novos confrontos são esperados

Governo interino criticou declaração de Barack Obama sobre massacre que deixou mais de 600 mortos e quase 4 000 feridos na quarta-feira passada

Por Da Redação
16 ago 2013, 07h45

Com novos protestos convocados para esta sexta-feira após a violenta repressão contra partidários do ex-presidente Mohamed Mursi, o Egito deverá ter mais um dia de confrontos sangrentos. A Irmandade Muçulmana, grupo radical islâmico ligado a Mursi, convocou uma “marcha da ira” em todo o país. Na capital Cairo, o Exército bloqueou todas as entradas e saídas da Praça Tahrir com tanques blindados e arame farpado, segundo a rede americana CNN. Pelo menos vinte policiais ficaram feridos mais cedo, quando manifestantes abriram fogo contra dois carros de segurança ao norte da cidade, segundo a TV estatal egípcia. As Forças Armadas montaram postos de controle também em Gizé, onde houve protestos na quinta-feira, e reforçaram a proteção de instituições consideradas “vitais” pelo governo.

Os números oficiais até agora são de 638 mortos e quase 4 000 feridos durante a desocupação de dois acampamentos montados por apoiadores de Mursi no Cairo. A Irmandade Muçulmana afirma que a quantidade de vítimas é bem maior. O grupo radical islâmico não aceita o governo interino formado pelo Exército depois da deposição de Mursi, membro da Irmandade eleito em junho do ano passado e derrubado no dia 3 de julho deste ano, depois de vários dias de protestos contra o seu governo. Ao falar em “sexta-feira da ira”, a organização retoma o nome usado por manifestantes para o protesto do dia 28 de janeiro de 2011 que marcou o ultimato contra a ditadura de Hosni Mubarak – que renunciou no início de fevereiro daquele ano.

Entenda o caso

  1. • Na onda das revoltas árabes, egípcios iniciaram, em janeiro de 2011, uma série de protestos exigindo a saída do ditador Hosni Mubarak, há trinta anos no poder. Ele renunciou no dia 11 de fevereiro.
  2. • Durante as manifestações, mais de 800 rebeldes morreram em confronto com as forças de segurança de Mubarak, que foi condenado à prisão perpétua acusado de ordenar os assassinatos.
  3. • Uma Junta Militar assumiu o poder logo após a queda do ditador e até a posse de Mohamed Mursi, eleito em junho de 2012.
  4. • Membro da organização radical islâmica Irmandade Muçulmana, Mursi ampliou os próprios poderes e acelerou a aprovação de uma Constituição de viés autoritário.
  5. • Opositores foram às ruas protestar contra o governo e pedir a renúncia de Mursi, que não conseguiu trazer estabilidade ao país nem resolver a grave crise econômica.
  6. • O Exército derrubou o presidente no dia 3 de julho, e anunciou a formação de um governo de transição, que não foi aceito pelos membros da Irmandade Muçulmana.

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“Os protestos não foram interrompidos durante a noite e vamos continuar com nossas ocupações e protestos em todo o país até a democracia o regime legítimo serem restaurados no Egito”, disse Esam El-Eriam, um dos chefes do grupo islamita, segundo a rede americana CNN. Nesta quinta, mesmo com o estado de emergência declarado pelo governo temporário, os protestos continuaram e um prédio do governo foi incendiado.

As forças de segurança continuaram em alerta durante a noite e entraram em uma mesquita no distrito de Nasr City, na capital Cairo, onde havia corpos de pessoas mortas nos conflitos de quarta-feira. A TV estatal afirmou que apoiadores de Mursi deixaram a mesquita de forma pacífica, após negociações, e que cinco ambulâncias deixaram o local levando os corpos.

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A Frente de Salvação Nacional, por sua vez, convocou uma manifestação para esta sexta contra o que chamou de “óbvias ações terroristas” conduzidas pela irmandade.

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O massacre de civis foi criticado por aliados ocidentais, mas o governo interino rebateu. O presidente americano Barack Obama acusou as autoridades egípcias de optarem pela violência e por prisões arbitrárias em vez do diálogo, exigiu o fim do estado de emergência e alertou que protestos pacíficos devem ser respeitados. O Egito disse que a declaração não está baseada em “fatos” e encorajaria “grupos armados”. O comunicado da Presidência temporária afirma que o Egito está enfrentando “atos terroristas”.

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Depois de uma reunião de emergência para discutir a crise, os quinze membros do Conselho de Segurança da ONU limitaram-se a fazer um apelo a todas as partes para que “exerçam a máxima contenção”. “Os membros, em primeiro lugar, expressaram sua solidariedade às vítimas e lamentaram a perda de vidas”, disse a embaixadora argentina Maria Cristina, que preside o conselho neste mês. “Havia um desejo comum sobre a necessidade de acabar com a violência e promover a reconciliação nacional”.

(Com agência Reuters)

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