O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apelou aos líderes europeus nesta quinta-feira, 6, por garantias de segurança em apoio à sua tentativa de ingressar na Otan e disse que a Rússia é o “Estado mais anti-europeu do mundo”.
A fala de Zelensky ocorreu durante a primeira reunião da Comunidade Política Europeia proposta pelo presidente francês, Emmanuel Macron, em Praga, que reuniu quase todos os governos da Europa. Segundo ele, quase todos os países não seriam capazes de fazer frente ao Exército russo, sendo importante então que a guerra seja vencida dentro do território ucraniano.
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“Para que os tanques russos não avancem em Varsóvia ou novamente em Praga. Para que a artilharia russa não atire nos estados bálticos. Para que os mísseis russos não atinjam o território da Finlândia ou de qualquer outro país”, disse o líder ucraniano durante videoconferência.
Ao todo, líderes de 44 nações europeias se reuniram na capital da República Tcheca para apresentar uma frente unida continental contra a Rússia. Além dos 27 Estados-membros da União Europeia, estiveram presentes outros 17, que incluem Turquia e Reino Unido. A ausência mais sentida foi a da primeira-ministra da Dinamarca, que convocou eleições antecipadas na última terça-feira, 4.
Para Macron, a reunião representa um momento importante para a Europa e envia uma mensagem de unidade, de modo a trazer uma “familiaridade estratégica” e permitir que os governos possam ter a mesma leitura da situação.
Os líderes esperavam encontrar uma solução em comum para a crise energética que atinge o continente e para o constante número de imigrantes que continuam a chegar, mas nenhuma expectativa concreta era esperada.
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“Um dos pontos mais baixos de nossa história foi agosto de 1968, quando Moscou enviou tanques ao meu país para destruir nossos esforços por mais liberdade, conhecido como Primavera de Praga. Isso resume nossa experiência com a política de Moscou”, disse o primeiro-ministro tcheco, Petr Fiala, no discurso de abertura.
Quem também compareceu ao evento foi a primeira-ministra britânica, Liz Truss, o que trouxe esperanças de uma nova aproximação do Reino Unido com a União Europeia após anos de discussão pós-Brexit.
Já o chefe de política externa do bloco europeu, Josep Borrell, elogiou o movimento de construir uma unidade de segurança sem Moscou, ressaltando que não se trata de não querer a participação da Rússia, mas sim porque o presidente Vladimir Putin se retirou da comunidade europeia.
Antes mesmo da primeira reunião, a Comunidade Política Europeia foi alvo de críticas por ter se destinado a reunir as democracias do continente mesmo tendo convidado países como Turquia, Azerbaijão e Hungria – esta última sendo considerada um “regime híbrido de autocracia eleitoral” recentemente pelo Parlamento Europeu.
O encontro estava sendo organizado inicialmente pela União Europeia, mas autoridades do bloco entenderam que isso poderia significar que este seria um passo inicial para a adesão de outras nações ao bloco.
Um dos funcionários da UE disse ao jornal britânico The Guardian que a participação de ex-países soviéticos como Azerbaijão e Armênia tem grande valor geopolítico e agrega valor à reunião, uma vez que estes foram considerados por muito tempo como o “quintal de Moscou”.
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Por fim, ele afirmou que haveria um pedido aos parceiros que se alinhassem às sanções exercidas contra a Rússia, embora fosse garantido anteriormente que não teria pressão nesse sentido. Países como a Turquia, que tem feito papel de mediadora na guerra da Ucrânia, e a Sérvia, candidata à União Europeia com laços históricos com Moscou, não assinaram o pacote de medidas contra o Kremlin do bloco europeu.
A Comunidade Política Europeia já tem uma nova reunião programada para o início de 2023 na Moldávia, seguida por encontros na Espanha e no Reino Unido.