Em crise política, Áustria nomeia novo chanceler
Alexander Schallenberg assume cargo deixado por Sebastian Kurz, acusado de corrupção e suborno
Em uma tentativa do governo de amenizar um amplo caso de corrupção e suborno, o ministro do Exterior da Áustria, Alexander Schallenberg, tomou posse nesta segunda-feira, 11, como novo chanceler do país, após o cargo ser deixado há dois dias por Sebastian Kurz.
Kurz anunciou sua renúncia no último sábado, em esforços para neutralizar a crise desencadeada pelo anúncio do Ministério Público de que ele é alvo de uma investigação de corrupção. Promotores alegam que ele usou dinheiro público a fim de subornar institutos de pesquisas e jornalistas para favorecê-lo.
Em cerimônia de oficialização nesta segunda-feira, o presidente Alexander Van der Bellen, apresentou Schallenberg, o novo chanceler, como um diplomata experiente e um hábil operador político. Em seu discurso, Schallenberg afirmou que “nunca havia esperado nem desejado” o cargo, mas que “não era uma opção não assumir esta responsabilidade”.
“Junto ao vice-chanceler Werner Kogler, farei todo o possível para preencher as lacunas que surgiram”, declarou Schallenberg. Michael Linhart, que era embaixador da Áustria na França, assumiu o cargo de ministro do Exterior.
Segundo Van der Bellen, será necessário um longo trabalho para reconquistar a confiança no governo de coalizão após os escândalos de corrupção que envolvem o conservador Partido Popular da Áustria (ÖVP, siglas em alemão), do qual fazem parte.
A suspeita é de que fundos do Ministério das Finanças eram usados para manipular pesquisas de opinião em favor do ÖVP, e sobretudo de Kurz, durante os anos de 2016 a 2018. Ele também teria dado declarações falsas a uma comissão parlamentar.
Diplomata de carreira e indicado por Kurz para sucedê-lo, a escolha de Schallenberg levantou temores dentro de setores da oposição. De acordo com alguns líderes opositores, não haverá mudanças estruturais dentro do governo, à medida que o novo nome apenas cumpriria as ordens deixadas pelo ex-mandatário.
“Os partidos da oposição concordam que não há mudança. Kurz ainda tem todas as cartas em suas mãos, e o chanceler designado faz parte desse sistema”, disse Kai Jan Krainer, do Partido Social-Democrata, membro da comissão parlamentar que investigou as denúncias de corrupção.
Em uma nota à imprensa, Schallenberg deixou claro que pretende trabalhar “em estreita colaboração” com Kurz, e que “as acusações que foram feitas são falsas”. Mais tarde, em publicação no Twitter, afirmou que não pretende, no entanto, ser um “premiê nas sombras”.