Em outubro de 2015, uma aeronave da MetroJet caiu em território egípcio matando 224 pessoas. Assim que a notícia se espalhou, autoridades mundiais alegaram que era muito cedo para determinar a causa do acidente, acreditando que poderia ser uma falha técnica, devido à rápida perda de altitude da aeronave. Conforme as investigações da queda do Airbus A-321 progrediram, Rússia e Estados Unidos se manifestaram, alegando que o avião havia sido alvo de um ataque terrorista.
Segundo o governo Russo, a aeronave teria explodido devido a uma bomba colocada por um radical do Estado Islâmico. O Egito, que realizou uma investigação até dezembro do mesmo ano insistiu até o final de novembro que não poderia confirmar a causa do acidente, contrariando a versão russa – e a dos próprios radicais, que assumiram a responsabilidade pela derrubada do avião.
As autoridades egípcias deram indícios de voltar atrás em suas percepções apenas em fevereiro de 2016, quando o presidente Abdel Fattah el-Sisi citou pela primeira vez em uma entrevista que um ato de terrorismo poderia ter causado a queda. Mesmo assim, el-Sisi nunca chegou a admitir de fato a conexão, nem que os órgãos do Egito erraram em negar um ataque do EI. Desde então, o assunto não foi mais comentado oficialmente por órgãos do país.
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Nesta quinta-feira, com o desaparecimento do voo MS804, da companhia EgyptAir, a situação parecia se repetir – assim como com o caso do Airbus, a aeronave perdeu altitude rapidamente e sumiu dos radares. Enquanto a França se manifestava afirmando que avião havia caído, autoridades egípcias preferiram não admitir a queda. A aeronave que levava 66 pessoas desapareceu após partir de Paris com destino ao Cairo, no Egito, na noite de quarta-feira. O motivo do desaparecimento, porém, ainda não foi informado.
As críticas internacionais à falta de transparência do governo egípcio reaparecem com frequência quando o país está envolvido em acidentes com aeronaves. Em 1999, o voo 990, também da EgyptAir, que ia de Los Angeles, nos Estados Unidos, para o Cairo caiu meia hora após a decolagem, matando 217 pessoas. Na época, a mídia divulgou que o co-piloto, que havia sido reprimido por conduta sexual inapropriada, teria derrubado o avião como um ato de vingança.
Eventualmente, autoridades do Comitê Nacional de Transportes confirmaram que causa do acidente foi um “ato deliberado”. Porém, outras investigações de órgãos egípcios apontaram para cenários de falhas técnicas, como um problema de energia na unidade de controle. Até hoje, o governo do país não fez uma declaração oficial sobre o que ocorreu no voo há 17 anos, o que acabou abalando a confiança de autoridades estrangeiras em investigações conjuntas.
(Da redação)