Eleições da Nigéria: Candidatos culpam um a outro por adiamento
Pleito foi remarcado horas antes do início da votação
Os dois principais candidatos à presidência da Nigéria criticaram neste sábado, 16, a surpreendente decisão de última hora de adiar a eleição para o dia 23 de fevereiro, visando evitar fraude na votação. Os políticos culparam um ao outro pelo adiamento definido pela comissão eleitoral nigeriana.
O partido de apoio ao candidato da oposição, Atiku Abubakar, acusou a administração do presidente Muhammadu Buhari de ‘instigar o adiamento’. “Você pode adiar uma eleição, mas não pode adiar o destino”, escreveu.
Buhari, por sua vez, disse estar decepcionado com a decisão, principalmente depois da comissão eleitoral “ter garantido dia após dia e quase hora após hora que eles estavam em prontidão completa para as eleições”. O presidente também ressaltou que seu governo não interfere no trabalho da comissão.
Um porta-voz do comitê de campanha do presidente, Festus Keyamo, acusou o partido de Abubakar de causar o atraso para tentar desacelerar o ímpeto de Buhari. Mas um gerente de campanha do partido, Goodnews Agbi, disse que era melhor dar à comissão o tempo para realizar uma votação credível, em vez de ‘se apressar em uma farsa’.
O presidente da comissão eleitoral, Mahmood Yakubu, disse a observadores e diplomatas que a postergação não está relacionada à insegurança observada no país ou à influência política. Ele culpou “circunstâncias difíceis”, incluindo o mau tempo que afetou voos e incêndios em três escritórios da comissão em uma aparente tentativa de sabotar os preparativos.
“Se a votação tivesse continuado como planejado, as unidades de votação não poderiam ter sido abertas ao mesmo tempo em todo o país. Isso é muito importante para a percepção do público sobre eleições livres, justas e confiáveis”, explicou Yakubu, que garantiu, à Associated Press, que a nova data das eleições é definitiva.
A decisão de adiamento, anunciada cinco horas antes da abertura da urnas, é cara. Analistas da SBM Intelligence estimaram um impacto econômico de 2 bilhões de dólares (cerca de 7,4 bilhões de reais), sem contar o golpe na reputação do país. As autoridades agora devem decidir o que fazer com os materiais de votação já entregues, tendo em vista o ambiente tenso, com algumas instalações eleitorais incendiadas nos últimos dias.