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El Salvador é denunciado por violar direitos humanos com prisões em massa

Mais de 36.000 pessoas foram presas em pouco mais de dois meses, em uma repressão à violência de gangues orquestrada pelo presidente Nayib Bukele

Por Da Redação
2 jun 2022, 15h34

A Anistia Internacional acusou nesta quinta-feira, 2, o governo de El Salvador de cometer “violações massivas de direitos humanos” durante uma repressão de segurança em março e abril, que prendeu mais de 36.000 pessoas.

A repressão foi orquestrada pelo presidente Nayib Bukele, após um aumento rápido da violência no país da América Central, onde houve 87 assassinatos em um único fim de semana. O legislativo governista aprovou um estado de exceção draconiano que entrou em seu terceiro mês na semana passada. Nesta semana, o ministro da Segurança, Gustavo Villatoro, afirmou que 36.277 pessoas foram detidas desde o início da “guerra às gangues”: 31.163 homens e 5.114 mulheres.

Se for verdade, mais pessoas foram presas em El Salvador nos últimos dois meses do que em todo o ano passado. A população das prisões do país teria quase dobrado desde março, enquanto quase 2% de toda a população adulta do país estaria agora detida.

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“O que estamos fazendo é responder às demandas de milhões de salvadorenhos que estão cansados ​​de viver sob o controle desses grupos terroristas”, disse Villatoro na quarta-feira 1.

“[Os críticos] não entenderam as transformações que o presidente Nayib Bukele está trazendo para este país”, acrescentou. O populista autoritário, no poder há três anos, traça uma cruzada contra as notórias gangues que surgiram nos Estados Unidos durante a década de 1980 e tomaram o controle de grande parte de El Salvador depois de 1992, quando terminou a sangrenta guerra civil de 12 anos.

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Pesquisas independentes apontam que muitos dos 6 milhões de salvadorenhos concordam com a abordagem, com os índices de aprovação já altíssimos de Bukele subindo desde que o estado de emergência foi imposto. No entanto, ativistas, críticos e membros da comunidade internacional têm profundas dúvidas sobre a onda de prisões, suspensão das liberdades civis e o procedimento legal das detenções.

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Pelo menos 21 prisioneiros morreram sob custódia, de acordo com um jornal local, El Diario de Hoy, com muitas dessas vítimas sofrendo sinais de violência ou tortura. Alguns dos presos teriam, supostamente, 12 anos de idade.

Erika Guevara Rosa, diretora da Anistia Internacional para as Américas, disse que políticas brutais – e ineficazes – contra o crime foram impostas na América Latina, de El Salvador e México ao Brasil e Colômbia, com resultados “perversos”.

“Mas certamente nunca vimos detenções arbitrárias em escala tão grande em um espaço de tempo tão curto”, disse.

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Guevara Rosa classificou a repressão como o último passo no “desmantelamento sistemático” das instituições de El Salvador e “o colapso total do estado de direito” que ocorreu desde que Bukele assumiu o poder em 1º de junho de 2019.

Desde então, o populista millennial obcecado por redes sociais – que sarcasticamente se apelida de “o ditador mais legal do mundo” e possui quase 4 milhões de seguidores no Twitter – tem acumulado poder vertiginosamente. Soldados com armas pesadas inclusive ocuparam o parlamento de El Salvador em fevereiro de 2020, em uma tentativa de coagir rivais a apoiarem a política de segurança de Bukele.

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Em março passado, o partido do presidente, Nuevas Ideas (Novas Ideias), conquistou uma supermaioria na assembleia, dando-lhe amplos poderes para aprovar iniciativas controversas, como o estado de exceção deste ano.

A maioria dos eleitores apoia o governo devido à queda na violência, mesmo que investigações jornalísticas sugiram que o feito foi alcançado por meio de um pacto secreto com as gangues – que parece ter desmoronado temporariamente no final de março por razões que permanecem obscuras.

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