Egito: islâmicos e laicos se manifestam antes do referendo
Mohamed Mursi espera encerrar violenta crise política que já dura semanas com o referendo sobre a nova Constituição, a ser realizado nos próximos 2 sábados

Agitando bandeiras, seguidores do presidente egípcio, Mohamed Mursi, realizaram nesta sexta-feira seu último comício antes do decisivo referendo dos próximos dois sábados sobre uma nova Constituição, com a qual o mandatário espera encerrar uma violenta crise política que já dura semanas.
Pelo menos oito pessoas morreram e centenas ficaram feridas em confrontos no Cairo e em outras cidades em consequência do decreto presidencial pelo qual Mursi se concedeu amplos poderes provisórios, sob o argumento de acelerar a transição do país para a democracia.
Saiba mais:
Saiba mais: ‘É hora de dar lugar para os jovens na política’, diz El-Baradei
A oposição alerta que a violência pode prosseguir nos próximos sábados, quando os egípcios vão às urnas aprovar ou rejeitar uma Constituição escrita por uma assembleia dominada por políticos islâmicos. Os opositores laicos e liberais dizem que o projeto levado a votação não reflete as aspirações dos 83 milhões de egípcios e restringe os direitos de minorias, inclusive os cristãos, que compõem 10% da população.
O referendo será realizado em dois sábados porque não há juízes suficientes para monitorar todas as seções eleitorais. A aprovação da nova Carta é uma pré-condição para a realização de novas eleições gerais no começo de 2013 – fato que muitos esperam propiciar estabilidade para o mais populoso país árabe.
Campanhas – Fazendo campanha pelo “sim” no referendo, grupos islâmicos que haviam sido cruciais na eleição de Mursi, em junho, se reuniram em uma mesquita próxima ao palácio presidencial, no Cairo. A maioria dos participantes do comício era formada por homens barbados – alguns trouxeram seus filhos e suas mulheres, cobertas por véus. “Vim dizer ‘sim’ à legitimidade do presidente Mursi e à lei islâmica da sharia”, disse o clérigo Mohamed Murad, 37 anos.
Ativistas da oposição também começaram a se concentrar para um protesto contra a nova Constituição em frente à sede da Presidência. O líder oposicionista Mohamed El-Baradei, ganhador do Nobel da Paz, pediu a Mursi que cancele o referendo “antes que seja tarde demais”. Inicialmente, a oposição decidiu boicotar o referendo, mas depois recuou e passou a fazer campanha pelo “não” – desde que haja garantias de lisura na votação.
Expectativas – Há grande expectativa de que a nova Constituição seja aprovada, já que a Irmandade Muçulmana, grupo mais bem organizado do país, venceu todas as votações realizadas no país desde a rebelião popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak, no começo de 2011. Muitos egípcios, cansados das turbulências dos últimos meses, também podem votar a favor, simplesmente na esperança de que as coisas se acalmem.
A votação do sábado se restringirá ao Cairo e outras grandes cidades. Os resultados oficiais só serão anunciados após o sábado seguinte, mas é provável que após o primeiro dia já surjam indicações sobre as tendências. O Exército se mobilizou para garantir a ordem, com cerca de 120.000 soldados e 6.000 tanques e blindados.
(Com agência Reuters)
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo da VEJA! Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet.
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Edições da Veja liberadas no App de maneira imediata.