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Djibuti, um oásis em meio ao caos, atrai interesse dos EUA e a China

'Tudo o que temos de fazer é olhar no mapa para ver porque os Estados Unidos e outros países estão interessados. É um local muito estratégico', diz especialista do MIT

Por Julia Braun
5 jul 2015, 19h08
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  • Djibuti, um pequeno país localizado às margens do Mar Vermelho, na região conhecida como Chifre da África, figura atualmente como modelo de estabilidade em uma região extremamente insegura. Geograficamente estratégico [confira mapa abaixo], a nação está situado no estreito de Bab el Mandeb, uma porta de entrada para o Canal de Suez, que é uma das rotas de transporte mais movimentadas do mundo. É também rota vital para a sua vizinha Etiópia, que não possui entrada para o mar. O país, que atravessou distúrbios após sua independência da França em 1977, hoje é considerado estável e democrático, com eleições reconhecidas internacionalmente e uma oposição, apesar de pouco expressiva, presente.

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    Sua localização e proximidade com a Somália e o Oriente Médio fazem também do Djibuti uma área de importância geopolítica e militar, e potências mundiais têm grande interesse em instalar ali suas bases militares. A Somália tem sido foco de agitação na região, de implicações regionais e globais. O grupo terrorista Al Shabab é uma das principais preocupações do governo somali. Da mesma forma, o atual conflito no Iêmen e os ataques da coalizão internacional, liderada pela Arábia Saudita e apoiada pelos Estados Unidos, atraem a atenção internacional para a região.

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    Bases militares – O Djibuti abriga a maior base militar permanente dos EUA na África, a Camp Lemonnier. Ataques de mísseis e drones contra os líderes da Al Shabab e da Al Qaeda são considerados vitais pelo governo americano e devem continuar a ser lançados de Lemonnier, onde Washington também está treinando tropas regionais para lutar na Somália. O interesse americano, no entanto, não é voltado somente para assuntos militares. Garantir acesso a uma das rotas marítimas mais importantes da região da África e Oriente Médio e assegurar sua dominação na região são grandes objetivos.

    Para John Tirman, diretor executivo e pesquisador do Centro para Estudos Internacionais do MIT, a produção de petróleo do Golfo Pérsico também atraí os Estados Unidos para a região. “Os Estados Unidos têm como interesse, há muitos anos, o controle, a proteção da produção de petróleo e seu transporte de lugares como a Arábia Saudita, Kuwait, Qatar e Iraque – se um dia o país se estabilizar”, afirma. Durante a Guerra do Golfo o Djibuti serviu também como base das operações militares da França, que ainda mantém uma presença significante. “Tudo que temos de fazer é olhar no mapa para ver porque os Estados Unidos e outros países estão interessados no Djibuti. É um local muito estratégico”, atesta o professor Tirman.

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    China – As ambições militares chinesas têm chamado a atenção do governo local. Projetos chineses para o país, incluindo a construção de portos e aeroportos já foram apresentados, assim como em outros locais da África. O presidente do Djibuti, Ismail Omar Guelleh, recentemente revelou à agência de notícias France-Presse que vem negociando com o governo chinês o estabelecimento da primeira base naval da China fora de seu território. “A China tem interesse em monitorar e proteger importantes rotas de comércio mundial, que facilitaram seu rápido crescimento e expansão econômica. Na medida em que a China cresce, também cresce sua ambição geopolítica e sues interesses políticos”, explica o professor de Relações Internacionais da Universidade de Boston e pesquisador da política africana, Michael Woldemariam. O envolvimento do país em políticas contra a pirataria na África, especialmente na costa da Somália, também explicariam a instalação de bases navais no Djibuti.

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    Segundo a BBC, a base chinesa seria construída na região de Obock, norte do país e teria acesso a um aeroporto na região – que já está sendo construído por uma companhia, também chinesa. Pequim não confirmou a informação, porém o crescimento das relações diplomáticas entre as duas nações tem incomodado os americanos, que temem que seus interesses sejam prejudicados pela presença chinesa na região. John Tirman não acredita que a instalação de bases das suas potências criaria problemas de segurança. “Tudo depende do motivo da Marinha chinesa em se instalar no Djibuti. O que eles vão fazer? Eles vão apoiar ações militares de alguns países com sua Marinha? É improvável que façam isso, eles sabem que um conflito militar iria inflamar sua relação não só com os Estados Unidos, mas com outros países”, afirma.

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    O país africano também parece ter muito a ganhar com suas alianças com potências do Ocidente. Os Estados Unidos e a França, desde a independência do país, fornecem segurança ao Djibuti em relação a nações como Somália e Etiópia, que lutam para exercer influência na região do Chifre da África e no próprio Djibuti. Financeiramente, a nação também depende intensamente da ajuda internacional. A economia do Djibuti é baseada quase que inteiramente nos serviços e atividades ligados a sua localização estratégica. A falta de chuva limita a produção agrícola, e a maioria dos alimentos consumidos é importada.

    Anualmente, os EUA pagam anualmente 63 milhões de dólares (200 milhões de reais) pelo aluguel da base, enquanto a China injetará 100 milhões de dólares (mais de 200 milhões de reais) nos cofres do Djibuti, além de projetos que prometem melhorar a infraestrutura do país. Não é difícil enxergar os motivos do governo do Djibuti em fechar os olhos para a rivalidade entre as duas potências e aproveitar sua privilegiada localização para seu próprio lucro e desenvolvimento.

    Mapa Djibuti
    Mapa Djibuti (VEJA)
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    (Da redação)

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