Diante de milhares de pessoas, o ex-vice-presidente Emmerson Mnangagwa foi empossado nesta sexta-feira como o novo presidente do Zimbábue. É a primeira vez desde 1980, quando Robert Mugabe chegou ao poder após o fim da colonização britânica, que o país apresenta uma nova figura política no cargo. O antigo líder anunciou sua renúncia na terça-feira, depois de uma breve intervenção sem conflitos comandada pelas Forças Armadas.
“Protegerei e promoverei os direitos do povo do Zimbábue, cumprirei meus deveres com toda minha força e com minhas melhores capacidades”, declarou Mnangagwa em um estádio na capital Harare. Ele foi pivô da crise política após ser deposto da vice-presidência por Mugabe acusado de “deslealdade e pouca honradez na execução dos seus deveres”. A medida foi interpretada como um passo para o então presidente apontar mulher dele, Grace, de 52 anos, como sua sucessora.
A demissão levou o Exército a tomar o poder e condenar Mugabe a prisão domiciliar. De seu exílio, Mnangagwa emitiu uma carta pedindo a renúncia do então presidente e convidando a população a pedir o mesmo. Seu partido, o União Nacional Africana do Zimbábue – Frente Patriótica (Zanu-PF, na sigla em inglês) também aconselhou a renúncia, caso contrário seria aberto um processo de impeachment. Mugabe inicialmente se recusou a renunciar.
Em meio a ovações do público, Mnangagwa, de 75 anos, prometeu que servirá ao país e à sua Constituição, e que fará o necessário para fazer o Zimbábue a “avançar”. O político, de 75 anos, foi nomeado como presidente pelo partido governista Zanu-PF, e, após seu discurso, ouviu juras de lealdade de comandantes das forças de segurança do Estado. O chefe da polícia, corporação acusada de estar vinculada aos aliados políticos de Grace Mugabe, foi alvo de vaias.
Como esperado, Robert Mugabe não esteve presente na posse do antigo vice. “O ex-presidente precisa de tempo para descansar após os agitados eventos pelos quais passou nesta semana e meia e poderia não presenciar a posse”, disse o secretário de Imprensa, George Charamba, adicionando que o antigo líder “repassou ao futuro presidente seus bons desejos e apoio”.
(Com EFE e Reuters)