Delegação argentina negocia em Gana libertação de fragata
Um tribunal do país africano apreendeu o navio depois que um grupo de credores das Ilhas Caymán reivindicou o pagamento de uma dívida milionária
Uma delegação argentina de alto nível iniciou nesta terça-feira em Gana, na África, as negociações com as autoridades locais para garantir a liberação da “Fragata Liberdade”, apreendida no porto de Tema no início deste mês. “O encontro entre a delegação da Argentina e os funcionários do Ministério das Relações Exteriores já está em andamento”, disse uma fonte da chancelaria de Gana, que pediu anonimato.
O navio, que levava cerca de 300 tripulantes, fez uma parada em Tema como parte de sua missão de treinamento. Porém, em 2 de outubro, foi impedido de deixar o porto após uma decisão da Justiça. Um tribunal do país africano decidiu acatar a solicitação de um grupo de credores das Ilhas Caymán, que reivindicava o pagamento de uma dívida de cerca de 370 milhões de dólares pela Argentina.
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Depois do episódio, o almirante Carlos Alberto Paz, comandante da Marinha da Argentina, apresentou sua renúncia. O governo de Cristina Kirchner acatou a renúncia na noite de segunda-feira e nomeou o vice-almirante Daniel Alberto Martín, veterano da Guerra das Malvinas, seu substituto. O governo da Argentina ainda está conduzindo um inquérito para identificar os responsáveis por permitir que a “Fragata Liberdade”, um ícone para a Marinha argentina, parasse em Gana – inicialmente a previsão era fazer escala na Nigéria, mas os planos foram alterados, o que possibilitou o confisco da embarcação. Suspeita-se inclusive de um complô para constranger o governo argentino.
A embarcação foi apreendida a pedido de credores do fundo NML Capital, que sofreram um calote milionário quando a Argentina declarou moratória em 2001. O tribunal de Gana que autorizou a ação diz que só liberará o navio quando o governo argentino saldar sua dívida. A delegação argentina tenta resolver o impasse.
Segundo o jornal La Nación, o pagamento de uma fiança de 20 milhões de dólares garantiria a liberação da fragata. A reportagem afirma, no entanto, que a ordem da presidente Cristina Kirchner é para que nenhum pagamento seja feito. Outra opção seria recorrer a tribunais internacionais, o que poderia arrastar a questão por anos.