Datas: Paul Parkman, Toni Venturi, Dabney Coleman e Frank Ifield
As despedidas que marcaram a semana
No início dos anos 1960, a rubéola era considerada uma doença viral inofensiva, embora fosse altamente contagiosa. Não se dava muita atenção às manchas vermelhas associadas a sintomas de gripe ou resfriado. Não demorou, contudo, para que fossem detectados os riscos na gravidez, atalho para a malformação do feto. O desenvolvimento de uma vacina se tornou compulsório. A equipe de Paul Parkman, que trabalhava para o corpo médico do Exército dos Estados Unidos, dedicou-se então à empreitada. De mãos dadas com um grupo de Harvard, chegaram enfim ao imunizante tão sonhado. “Poucas pessoas estão entre as que fizeram avançar de modo tão direto o bem-estar da humanidade, ao salvar vidas e levar esperança ao mundo”, disse o presidente americano Lyndon Johnson, em 1966, a respeito da iniciativa de Parkman. Ele morreu em 7 de maio, aos 91 anos. Em muitos países do mundo, com ampla cobertura vacinal, inclusive o Brasil, a rubéola é enfermidade erradicada.
O cinema como movimento
O cineasta paulistano Toni Venturi dedicava-se com igual empenho aos filmes que dirigia e ao ativismo político na defesa de sua categoria — nos anos 2000, como presidente da Associação Paulista de Cineastas, teve papel crucial na luta por melhores salários, por mais verba para as produções e por respeito. Zelava também pela minúcia em um novo capítulo de discussões — a remuneração, por audiência, das obras exibidas nos canais de streaming. Como diretor, fez os aplaudidos Latitude Zero (2002), Cabra-Cega (2005) e A Comédia Divina (2017). Ele morreu no dia 18, depois de passar mal em uma praia do Litoral Norte de São Paulo.
O vilão de plantão
Era preciso um ator convincente em Hollywood para o papel de vilão com pinta de gente boa? Bastava chamar Dabney Coleman. Ele foi o mandachuva turrão que Jane Fonda, Lily Tomlin e Dolly Parton queriam matar em Como Eliminar seu Chefe (1980), o diretor de televisão safado de Tootsie (1982) e o pai mulherengo de Tom Hanks em Mensagem para Você (1998). Coleman morreu em 16 de maio, aos 92 anos.
A vida antes dos Beatles
Pode não parecer, não é o que a história da música pop costuma apresentar, mas houve vida antes dos Beatles — antes de o quarteto de Liverpool vir ao mundo, com o sucesso bobinho de Love Me Do, de 1963, e I Wanna Hold Your Hand, de 1964. Convém ir ao Spotify para ouvir as canções ao estilo country do australiano radicado em Londres Frank Ifield: I Remember You, Lovesick Blues e Wayward Wind. Antes dele, apenas Elvis Presley tinha alcançado o topo das paradas de sucesso britânicas com três trabalhos consecutivos. E então vieram John, Paul, George e Ringo. Antes da explosão universal, da beatlemania, eles chegaram a abrir um show de Ifield — sem um centavo sequer de pagamento. Ele morreu em 18 de maio, aos 86 anos, em Sydney, na Austrália.
Publicado em VEJA de 24 de maio de 2024, edição nº 2894