As autoridades dos Estados Unidos começaram a evacuar o navio de cruzeiro com mais de 3.500 pessoas a bordo e 21 casos de coronavírus, que atracou nesta segunda-feira, 9, em um porto da Califórnia depois de cinco dias ancorado na costa.
Várias ambulâncias no porto de Oakland, cidade vizinha a San Francisco, levaram as pessoas que demandavam cuidados médicos urgentes, constataram jornalistas da AFP.
O navio atracou às 12h15 locais (16h15, horário de Brasília), depois de percorrer a baía de San Francisco, um cartão postal com a ponte Golden Gate no fundo. O complexo processo de desembarque se estenderá entre dois e três dias, avaliaram as autoridades.
“O presidente [Donald Trump] deu como prioridade trazer os americanos para terra e estamos no processo de fazê-lo, assim como garantir o retorno dos estrangeiros”, disse o vice-presidente, Mike Pence, em coletiva de imprensa na Casa Branca, confirmando que o processo de avaliação tinha começado.
Pence acrescentou que os doentes são “tratados no isolamento adequado” e que os 25 menores a bordo do Grand Princess “estão sadios”.
Os Estados Unidos têm 26 mortes por coronavírus com mais de 600 casos, segundo uma contagem da AFP.
Quarentena
O gabinete do governador da Califórnia, Gavin Newsom, explicou que as pessoas “serão conduzidas para fora da embarcação em pequenos grupos para permitir um distanciamento social apropriado”.
Além disso, esclareceu que “qualquer um que esteja assintomático usará uma máscara cirúrgica e desembarcará por uma passarela separada” para evitar a propagação do vírus.
A prioridade é desembarcar os passageiros com necessidades mais urgentes, inclusive os tripulantes. O pessoal que não exigir cuidados imediatos fará sua quarentena a bordo, fora do porto de Oakland, informou o governo federal.
Uma vez retirados os casos mais urgentes, será a vez de o restante dos passageiros, que voltarão a ser examinados e postos em quarentena por 14 dias.
Os 962 residentes da Califórnia serão o segundo grupo a desembarcar. Serão levados para a base da Força Aérea Travis. Este processo tomará a maior parte do dia.
Os seguirão o restante dos moradores nos Estados Unidos, que serão alojados em instalações militares no Texas e na Geórgia, além da Califórnia.
“Terão um quarto individual particular com acesso a um banheiro”, disse Jonathan Hoffman, porta-voz do Pentágono.
Os não residentes dos Estados Unidos “serão levados de ônibus a North Field, uma zona remota do aeroporto internacional de Oakland, que é inaceitável para passageiros comerciais e serão postos em voos charter de volta” a seus países, assistidos por pessoal de saúde.
Pence disse que trabalham com o Canadá – que tem 240 cidadãos a bordo do Grand Princess – e a Grã-Bretanha para o processo de repartição.
Dança no convés
Carolyn Wright, uma fotógrafa de 63 anos do Novo México, disse à AFP que viu do convés vários barcos seguindo a embarcação uma vez que entrou na baía de San Francisco e que no cais “os passageiros gritavam e acenavam aos trabalhadores do cais em terra”.
Wright contou que nesta segunda de manhã o ambiente se tornava mais leve à medida que se aproximava o fim desse cruzeiro que tinha como destino o Hawaii e que teve a viagem interrompida depois que um homem, de 71 anos, que esteve em uma viagem anterior ao México, morreu por causa do coronavírus ao desembarcar.
Os passageiros puderam sair e tomar um ar fresco depois de horas presos em suas cabines. Alguns caminharam no convés e outros até mesmo dançaram.
Autoridades médicas embarcaram no cruzeiro do domingo à noite para adiantar o processo de evacuação que o governador da Califórnia, Gavin Newsom, espera que dure “de dois a três dias”.
A operadora Princess Cruises informou em comunicado que “reembolsará a tarifa completa do cruzeiro para todos os hóspedes, incluindo as passagens aéreas, hotel, transporte terrestre, excursões pagas de forma adiantada e outros custos”.
“Os hóspedes não serão cobrados por nenhum gasto a bordo durante o tempo adicional” que estiveram no cruzeiro e receberão um crédito pela tarifa paga para essa viagem.
O presidente Donald Trump disse na sexta-feira que preferia manter os passageiros confinados no cruzeiro porque deixá-los sair aumentaria o número de infecções no país.