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Cruz Vermelha: ‘Não há água e comida, nem para crianças’, em Mariupol

Sitiada por tropas russas, cidade ucraniana é alvo de esforços de retirada de civis via corredores humanitários

Por Caio Saad Atualizado em 10 mar 2022, 15h57 - Publicado em 10 mar 2022, 15h54

Sitiada por tropas russas, a população da cidade ucraniana de Mariupol não tem eletricidade, água ou comida, nem mesmo para as crianças, descreveu Sasha Volkov, chefe do escritório da Cruz Vermelha na região.

“As pessoas encontraram maneiras de coletar água. A prefeitura distribui garrafas de água em alguns pontos, mas não é suficiente para cobrir (as necessidades). Muitos não têm água para beber”, disse ele na conversa, que foi possível por meio de um telefone satélite e cujo áudio foi liberado pela Cruz Vermelha.

Segundo Volkov, “todas as farmácias e lojas foram saqueadas há quatro ou cinco dias”.

“Algumas pessoas têm comida, mas não tenho certeza de quanto tempo ela vai durar. Muitos dizem que não têm comida para as crianças. Estamos começando a ficar doentes, vários de nós, por causa da umidade e do frio. Estamos tentando manter uma higiene mínima, mas nem sempre é possível”, contou.

No escritório da Cruz Vermelha Internacional em Mariupol, o chefe reservou o porão somente para crianças pequenas e suas mães, enquanto crianças acima de 12 anos e adultos dormem nos escritórios, onde faz muito frio, mas não há como se aquecer.

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Existem atualmente cerca de 65 pessoas nas instalações da organização internacional, além de pessoas que moravam no mesmo prédio e que também foram acolhidas. É um lugar que, em teoria, as partes em conflito não podem atacar, em conformidade com as Convenções de Genebra, que estabelecem as regras mínimas em tempo de guerra.

Mariupol tem sido uma das cidades mais visadas nas duas semanas desde que a Rússia iniciou sua invasão à Ucrânia, em 24 de fevereiro. Em um vídeo transmitido em seu canal no Telegram, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse ainda que as tropas russas “passaram dos limites” ao atacar a maternidade em Mariupol na última quarta-feira. Ao menos 17 pessoas teriam se ferido na tragédia, que o chefe de Estado classificou como uma “atrocidade”.

Na segunda-feira, 7, representantes russos e ucranianos se encontraram para a terceira rodada de negociações. Após dois encontros na semana passada que renderam entendimentos escassos para proteção de civis, a terceira rodada de conversas terminou com “pequenos desenvolvimentos positivos”, segundo um representante ucraniano. Apesar do tom mais positivo, a implementação de corredores humanitários, que têm objetivo de facilitar a retirada de civis e a entrada de itens básicos como remédios, tem se mostrado difícil em cidades afetadas pela guerra.

Tentativas de retirada de civis fracassaram durante o fim de semana e foram interrompidas na segunda e terça-feira por acusações de violações ao cessar-fogo.

A Rússia acusa nacionalistas ucranianos de impedir a saída de civis de regiões combinadas, usando a população como ‘escudo humano’. “Devido à falta de vontade do lado ucraniano de influenciar os nacionalistas ou de estender o cessar-fogo, as operações ofensivas foram retomadas”, disse o major-general Igor Konashenkov, na segunda-feira. 

As autoridades da cidade de Mariupol, por sua vez, disseram que a retirada de civis foi adiada porque militares russos não estariam respeitando a trégua. As prefeituras de Mariupol e Volnovakha disseram que as cidades são alvos de bloqueios e ataques russos, impedindo a saída segura dos civis. Mesmo após o acordo, a Ucrânia vinha alegando desrespeito dos russos ao acordo com as regiões sendo alvos de constantes ataques. As duas cidades foram as únicas autorizadas a funcionar como um corredor de fuga para os civis.

A Organização das Nações Unidas elevou na quarta-feira o número de mortes na Ucrânia para 516 civis, incluindo 37 crianças. Os números reais desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro, no entanto, podem ser “consideravelmente maiores”, já que relatórios de autoridades locais costumam ser enviados com certo atraso. A maioria das mortes, segundo a organização, foi causada por armas explosivas, incluindo bombardeios, mísseis e ataques aéreos.

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