Cristina Kirchner lança cédula para reivindicar as Malvinas
A apresentação da nota de 50 pesos foi acompanhada de mais um discurso de enfrentamento à Grã-Bretanha, que administra o arquipélago desde 1833
A presidente argentina Cristina Kirchner lançou nesta quarta-feira mais uma peça de propaganda de sua cruzada pela reivindicação das Ilhas Malvinas. Em um evento organizado para homenagear os mortos da guerra travada com a Grã-Bretanha, em 1982, Cristina apresentou à população a nova cédula de 50 pesos, que trará o arquipélago retratado em uma de suas faces. E emendou mais um discurso contra o governo do premiê britânico David Cameron, conforme reportou o jornal La Nación.
Leia também:
Argentina nunca terá êxito, diz Cameron sobre as Malvinas
A Grã-Bretanha administra o arquipélago desde 1833. Em 1982, a Argentina lançou uma ofensiva para se apoderar do arquipélago, mas foi derrotada pelos britânicos. Desde o aniversário de 30 anos do conflito, em abril de 2012, Cristina não se cansa de reclamar a soberania sobre o território, em uma tentativa de disfarçar os fracassos de sua administração. Mesmo afundada em uma crise econômica, a presidente fez questão de frisar que o lançamento da nova cédula simboliza “um ato de reivindicação histórico, social e político”. Ela ordenou que a Casa da Moeda e o Banco Central trabalhem para colocar as notas nas ruas em pelo menos seis meses.
Ignorando referendo que mostrou em 2012 que 99,8% da população das Malvinas deseja seguir sob domínio britânico, Cristina apontou teorias militares infundadas para pedir a anexação do arquipélago ao território argentino. “A verdade sobre as Malvinas é que elas constituem a base militar da Otan no Atlântico Sul. Mísseis (no arquipélago) podem alcançar grande parte do Cone Sul e chegar até ao Equador”, disse. Ela também esqueceu momentaneamente a série de problemas econômicos da Argentina, como o alto índice de inflação, para criticar os problemas que ela enxerga na administração de Cameron. “É uma pena que cerca de 20% dos jovens britânicos estejam desempregados. Seria bom se a Inglaterra se dedicasse menos às guerras e mais à própria população”, declarou.
Crimeia – Cristina havia retomado a questão das Malvinas durante uma visita à França, em março. No estopim da crise entre Ucrânia e Rússia, que anexou a Crimeia ao seu território, a presidente argentina afirmou que o referendo popular realizado nas ilhas era “tão sem valor” quanto o aprovado na região do leste europeu. Em linhas gerais, Cristina considerou o pleito no arquipélago que está sob controle britânico há quase dois séculos, e que contou com a supervisão de observadores estrangeiros, igual ao que foi organizado em uma Crimeia recém-ocupada por tropas da Rússia e que não teve supervisão alguma.
Confusão – Em 2012, uma mudança nas cédulas argentinas provocou confusão. Cristina lançou uma nova nota de 100 pesos com a imagem de Eva Perón, em homenagem aos 60 anos de sua morte. Os comerciantes, no entanto, se recusaram a aceitar a cédula devido à falta de informações do Banco Central sobre o seu real valor comercial e à incompatibilidade da nota com os caixas eletrônicos. Incomodada com o imbróglio, Cristina anunciou posteriormente que o governo multaria todos os que se recusassem a utilizar a cédula no país.