Cristina Kirchner é indiciada por corrupção
A ex-presidente é acusada de favorecer o empresário Lázaro Báez em concessões de obras públicas durante seu governo
A ex-presidente argentina Cristina Kirchner foi acusada nessa terça-feira de associação ilícita e fraude ao outorgar obras que favoreciam o empresário Lázaro Báez em licitações públicas, em seu segundo processo neste ano. O juiz Julian Ercolini ainda ordenou um congelamento de bens de 10 bilhões de pesos (2 bilhões de reais).
Além da ex-presidente, terão que responder o processo judicial o próprio empresário favorecido, dono da Austral Construcciones, o ex-ministro de Planejamento Julio De Vido e o ex-secretário de Trabalhos Públicos José Lopez. Em sua última declaração apresentada em maio, a ex-chefe de Estado figura com um patrimônio de quase 5 milhões de dólares em espécie e imóveis, que incluem uma empresa hoteleira da família.
Kirchner reagiu no Twitter, após a nova acusação: “Associação ilícita foi a figura penal criada por governos de fato utilizada por todas as ditaduras para perseguir dirigentes opositores”. A ex-mandatária argentina havia apresentado recentemente um documento a Ercolini para pedir a anulação do processo e ressaltar que se trata de “uma manobra formidável de perseguição política” e “um enorme disparate”.
Kirchner, que governou de 2007 a 2015, é acusada de ter outorgado obras de infraestrutura em favor de Báez na província de Santa Cruz, na Patagônia. O empresário está detido desde abril. “Não sou amiga, nem sócia comercial de Báez”, declarou a ex-presidente em 31 de outubro, ao sair do tribunal. O processo seguirá seu curso até a definição de uma data para o julgamento, em um tribunal federal.
No caso de concessão de licitações em Santa Cruz, Ercolini destacou que a empresa de Báez ganhou contratos de 2,2 bilhões de dólares durante o governo de Kirchner. O valor implica que a Austral venceu 78,4% das disputas para realizar obras. A associação ilícita também teria contado com a participação do ex-vice-ministro de Obras Públicas José López, detido em junho quando tentava esconder uma bolsa com nove milhões de dólares em um convento de Buenos Aires.
(Com AFP e ANSA)