Crises no governo Johnson colocam em dúvida sua permanência no poder
Índice de insatisfação com o governo de Boris Johnson é de 66%
Há pouco mais de dois anos no poder, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson sempre conseguiu evitar escândalos que abalassem sua reputação. Porém esse cenário parece estar mudando.
Na última semana, alguns deputados de seu partido se rebelaram contra o passaporte de Covid-19 imposto por ele no país e as pesquisas de satisfação com o governo não param de cair. Johnson caiu para 24% de aprovação e 66% de desaprovação, a mais baixa de sua época como primeiro-ministro.
A última pesquisa da Ipsos Mori sugere que 13% mais pessoas agora pensam que o líder trabalhista Keir Starmer seria um primeiro-ministro melhor do que Johnson.
A mais nova derrota do primeiro-ministro foi a perda eleitoral impressionante dos conservadores em North Shropshire, um assento seguro para o partido de direita por 200 anos. A votação foi desencadeada pela renúncia do ex-ministro Owen Paterson – que Johnson tentou poupar de uma suspensão de 30 dias–, que pediu demissão por causa de um escândalo de corrupção .
O Partido Trabalhista de esquerda está agora 9% à frente dos conservadores, sua maior vantagem desde fevereiro de 2014, de acordo com uma pesquisa de mercado da Opinium.
Johnson ainda está envolvido no escândalo de uma festa de funcionários de Downing Street no ano passado, quando o resto da Inglaterra seguia os protocolos de segurança de Covid, e foram obrigados a ficar em casa.
O primeiro-ministro alegou que nenhuma regra foi quebrada, mas o vídeo da festa levou à renúncia de um assessor de imprensa sênior e Johnson ordenou uma investigação. Especialistas na área alegam que o evento é um “problema real” para Boris Johnson.
Com todo alvoroço no governo e o avanço drástico de uma nova onda de Covid no Reino Unido, as dúvidas se Boris Johnson conseguirá se manter no poder começam a circular.
O Reino Unido registrou um terceiro dia consecutivo de aumento de casos de Covid, com 88.376 novas infecções na quinta-feira (16), muitas causadas pela variante Ômicron.
Os eleitores ainda não são uma preocupação, já que as próximas eleições gerais só ocorrerão em 2024, mas os membros conservadores do parlamento britânico têm o poder de destituí-lo do cargo por meio de uma votação interna da liderança, ou de um voto de censura.
Como a popularidade de Johnson saltou durante a campanha de vacinação bem-sucedida no Reino Unido no início deste ano, especialistas acreditam que a atual campanha de reforço da vacinação – medida ousada do primeiro-ministro de dar doses de reforço para todos adultos até o fim de 2021 – possa melhorar a sua reputação.
Ainda não se sabe se a medida de Johnson vai ser concretizada, uma vez que o Serviço Nacional de Saúde já reportou filas enormes nos postos e o site sem funcionar devido à demanda excessiva por testes de Covid e agendamentos de vacinas.
Para piorar a situação de Johnson, a crise no governo não se resume apenas em driblar os escândalos recentes, mas também envolve as consequências econômicas da pandemia no Reino Unido.