Corpos de vítimas de naufrágio revelam desespero por fuga
Muitos estavam com os dedos quebrados, o que indicaria a tentativa de escapar
Por Da Redação
23 abr 2014, 15h54
Os mergulhadores que trabalham nas buscas pelos desaparecidos no naufrágio ocorrido na última quarta-feira na Coreia do Sul disseram que o estado de alguns corpos dão mostras do pânico que se instaurou dentro da balsa. A maior parte dos corpos foi encontrada com os dedos quebrados, o que indicaria uma tentativa desesperada de subir no teto e nas paredes da embarcação para fugir da água. “Somos treinados para ambientes hostis, mas é difícil ser corajoso quando encontramos corpos na água escura”, disse Hwang Dae-sik, um dos mergulhadores que está no local. Até agora, as equipes retiraram 159 corpos da água.
Para retirar as vítimas do barco, os mergulhadores precisam lidar com a completa escuridão, a congelante temperatura da água e as limitações dos equipamentos. O sistema de oxigênio não permite que as equipes fiquem mais de uma hora dentro da embarcação naufragada, enquanto as linhas de comunicação apresentam falhas que impedem o diálogo com as torres de controle. “Temos de tocar tudo com as mãos”, acrescentou Hwang. “Este é o trabalho mais extenuante e dramático da minha carreira.”
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Mesmo com o iminente naufrágio, a tripulação ordenou que os passageiros permanecessem dentro da embarcação para a “sua própria segurança”. O capitão da balsa, Lee Joon-seok, de 69 anos, foi preso pelas autoridades coreanas. Outros quatro membros da tripulação também foram levados sob custódia nesta quarta-feira, o que elevou o número de detidos por envolvimento na tragédia a onze.
Dos 476 passageiros que estavam na balsa, 339 eram crianças e professores que faziam um passeio escolar. Apenas 174 pessoas foram resgatadas com vida. A presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, comparou a conduta do capitão e sua tripulação a um assassinato, enquanto Lee defendeu a decisão justificando que estava preocupado com as fortes correntes marítimas e a baixa temperatura da água no local. Muitos dos que sobreviveram estavam no deck superior quando pularam em botes salva-vidas, mas as crianças permaneceram em suas cabines sem questionar a ordem dos adultos, um costume milenar da sociedade sul-coreana.
Promotores que apuram o desastre fizeram buscas na casa de Yoo Byung-un, o chefe da família dona da empresa responsável pela balsa. A casa e o escritório do filho do empresário e uma igreja à qual Yoo supostamente está associado também foram revistados. Yoo passou quatro anos preso por fraude no início dos anos 1990.
Coreia do Norte – Em uma rara iniciativa, o desastre resultou em uma mensagem de simpatia à Coreia do Sul emitida pelo regime comunista da Coreia do Norte, que, em geral, se refere ao vizinho apenas com ameaças de destruição. “Expressamos nossas condolências pelos desaparecimentos e mortes, incluindo de jovens estudantes, que estavam a bordo da balsa que naufragou”, disse uma mensagem do regime norte-coreano divulgada pelo porta-voz do Ministério da Unificação Sul-Coreana. Tecnicamente, as duas Coreias ainda estão em guerra, depois do conflito que se prolongou de 1950 a 1953 e foi encerrado apenas com uma trégua.
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