Sob o argumento de “não haver tempo a perder”, o governo da Itália estendeu a todo o país as restrições aplicadas à região norte para conter a propagação do coronavírus Sars-CoV-2. As medidas baixadas por decreto no final de semana se tornam válidas a partir de terça-feira, 10, e preveem a proibição da circulação de pessoas, exceto por “razões comprovadas de trabalho” e “sérias necessidades familiares ou de saúde”, informou o jornal Corriere de la Sera. A iniciativa inclui a suspensão do campeonato de futebol da Série A.
O país registra, até esta segunda-feira, 9.172 casos de contaminação, em todas as 20 regiões, e 463 mortes, segundo dados da agência oficial de Proteção Civil. “Todos devem desistir de algo para proteger a saúde dos cidadãos. Hoje, o momento é de responsabilidade. Não podemos baixar a guarda”, declarou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, ao anunciar que os hábitos precisam ser mudados agora por causa do aumento do número de pessoas contagiadas e mortas. “Não haverá mais uma zona vermelha na península. A Itália será uma área protegida”, completou.
Prejudicada pelo efeito dominó no mundo desde a abertura dos mercados na China, na noite de domingo 8, a Bolsa de Milão incorporou o anúncio de Conte e fechou com que de 11% nesta segunda-feira – o pior pregão desde o referendo sobre o Brexit, em 2016. Conti informou que o governo estudo o aumento dos gastos públicos para a adoção de uma “terapia de choque massiva” contra o coronavírus.
A partir de terça-feira, as escolas e universidades de toda a Itália permanecerão fechadas até 3 de abril. Além do campeonato da Série A, todos os eventos esportivos estarão suspensos. Bares e restaurantes terão de fechar suas portas às 18h. Casamentos, funerais e todas as celebrações serão proibidas. Museus, teatros, cinemas, discotecas, salões de bingo serão fechados. As pessoas que precisem viajar a outros municípios deverão pedir autorização especial.
Na região da Lombardia, no norte do país, os hospitais convivem com o estresse da imensa procura por pessoas e já não têm leitos disponíveis. Em Modena, presidiários se rebelaram depois da suspensão das visitas de familiares. Seis pessoas morreram.