A Coreia do Norte planeja fechar uma série de embaixadas ao redor do globo, incluindo na Espanha, em Hong Kong e em países africanos. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 1, pela agência de notícias Reuters. Como consequência, especialistas estimam que ao menos 25% das missões norte-coreanas no exterior serão encerradas em breve.
A decisão foi anunciada pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) ainda nesta segunda-feira. Segundo o veículo, na última semana, diplomatas coreanos prestaram visitas de “despedida” a Angola e Uganda, encerrando o relacionamento de meio século com as respectivas embaixadas.
Até então, o vínculo entre os países previa a cooperação militar e o fornecimento de moeda estrangeira ao governo Kim Jong-un, isolado das nações ocidentais. O fim dos laços representará, então, “uma das maiores mudanças na política externa do país em décadas”, adiantou o fundador do site NK Pro, focado na Coreia do Norte, Chad O’ Carroll. Ele afirma que o fechamento também dificultará o trabalho humanitário no país e poderá enfraquecer a economia nacional.
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O Ministério da Unificação da Coreia do Sul, responsável por tratar das questões intercoreanas, disse que a retirada é reflexo aplicação de sanções contra Pyongyang, motivadas pela tentativa reduzir o financiamento dos programas nuclear e de mísseis do Norte.
“Eles parecem estar em retirada porque o seu negócio de obtenção de moeda estrangeira tropeçou devido ao reforço das sanções da comunidade internacional, tornando difícil a manutenção das embaixadas por mais tempo”, disse a pasta em comunicado. “Isto pode ser um sinal da difícil situação econômica da Coreia do Norte, onde é difícil manter relações diplomáticas mínimas com países tradicionalmente amigos”.
A Coreia do Norte tem relações formais com 159 países, além de 53 missões diplomáticas no exterior. Ao todo, o funcionamento estava restrito a três consulados e três escritórios de representação, antes da saída da Uganda e Angola. O corte, no entanto, não ficará restrito aos países africanos: a embaixada na Espanha e as operações na Itália são as próximas da lista, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
Madrid está no centro das preocupações norte-coreanas desde a invasão de espanhóis à embaixada norte-coreana no país, em 2019. Os militantes procuravam destituir Kim Jong-un e, em forma de protesto, amordaçaram funcionários e destruíram seus computadores. Em resposta, Pyongyang definiu o episódio como uma “grave violação da soberania e um ataque terrorista”.