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Como a Guerra das Malvinas respingou até no árbitro da Copa do Mundo

Conflito entre Reino Unido e Argentina ocorreu na década de 1980 e segue vivo na memória dos dois países até os dias atuais

Por Matheus Deccache 16 dez 2022, 17h13

O mal-estar entre Argentina e Reino Unido causado pelas Ilhas Malvinas, ou Ilhas Falkland para os britânicos, continua a todo vapor e chegou até a Copa do Mundo de 2022, isso porque um dos árbitros mais famosos do mundo, Anthony Taylor, foi excluído da lista de possíveis nomes para apitar a grande decisão. 

O sistema de nomeação da arbitragem da Fifa para os jogos consiste em não selecionar profissionais de um dos países envolvidos no jogo por conflito de interesses. No entanto, para manter a neutralidade e evitar qualquer agitação geopolítica posterior, árbitros argentinos não apitam jogos do Reino Unido, e vice-versa.

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Embora não haja nenhum indício de que qualquer um deles possa ter alguma atitude antiprofissional, a entidade tem como objetivo impedir situações que possam virar alvo de problemas. 

A polêmica envolvendo o arquipélago ganhou novos contornos ao longo desta semana, quando a torcida argentina comemorou sua vitória na semifinal contra a Croácia cantando a popular música Muchachos, que faz referência à Guerra das Malvinas e contém insultos ao Reino Unido e ao Brasil. O sucesso foi tanto que uma versão dela se tornou a música mais tocada no Spotify na Argentina nesta semana. 

Em 2019, Maradona disse que o seu famoso gol de mão contra os britânicos na Copa do Mundo de 1986 foi uma “vingança simbólica” pelo conflito armado, que completou 40 anos em abril deste ano. 

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A Fifa não chegou a se pronunciar oficialmente sobre o assunto, mas é comum a entidade levar em consideração escolhas sensíveis que possam trazer algum tipo de problema posterior. Por exemplo, era extremamente improvável que um árbitro brasileiro fosse escalado para a grande final, visto a rivalidade histórica entre Brasil e Argentina. 

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A disputa pelas Ilhas Malvinas remonta desde o período da colonização do continente americano pelos europeus e seu controle já passou pelas mãos argentinas e britânicas de lá para cá, mas sem maiores desdobramentos. 

A polêmica começou a se intensificar na metade do século XX, mais especificamente durante o governo Perón, quando o presidente colocou a questão do arquipélago como tema central de sua política externa. Na época, livros didáticos tratavam o território como propriedade da Argentina e falava-se em “usurpação britânica”, de modo que a recuperação das ilhas eram fundamentais para acabar com a herança colonizadora. 

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Durante a década de 1960, as Nações Unidas instaram as duas nações a encontrar uma solução pacífica para o conflito, o que não aconteceu. Para os argentinos, a ONU reconheceu sua soberania ao sugerir a resolução do problema, enquanto para os britânicos, os “interesses” do povo da ilha falavam mais alto – em sua maioria britânicos, eles defendiam a manutenção do controle de Londres. 

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O impasse culminou em um confronto armado em 1982, quando a ditadura militar argentina da época, desesperada para passar uma boa imagem à população em meio a enormes problemas socioeconômicos, atacou o território. Após pouco mais de dois meses de conflito, as tropas da Argentina se renderam e o Reino Unido conseguiu o controle da região, que dura até então. 

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