Em reunião bilateral com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente Lula reforçou nesta terça-feira, 19, o interesse do governo brasileiro em fechar o acordo Mercosul-União Europeia até o fim de seu mandato do bloco sul-americano, que termina no final deste ano. Estiveram presentes no encontro, às margens da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova York, os ministros Mauro Vieira, Esther Duek, Margareth Menezes, Marina Silva e Paulo Pimenta.
Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já havia alertado que uma eventual tentativa da França de atrasar o fechamento da nova versão do acordo pode ter consequências trágicas. Para ele, é preciso ser rápido, já que o acordo precisa ser fechado até dezembro porque a sobrevivência do bloco sul-americano depende do resultado das eleições na Argentina.
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“O presidente Lula está insistindo com a Europa para que a gente feche o acordo ainda este ano. Não sei o que será do Mercosul se o acordo não estiver fechado e tivermos um resultado ‘exótico’ nas eleições na Argentina. Um país como a França tem de prestar atenção às consequências de um atraso”, declarou o ministro durante painel “A Economia Brasileira Rumo à Transformação Ecológica”, promovido pela Universidade de Columbia, em Nova York.
Há duas semanas, Lula já havia se reunido com lideranças europeias, incluindo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente francês, Emmanuel Macron. Na ocasião, tratou sobre as pendências que travam um desfecho e cobrou “clareza” em torno da real possibilidade de acordo. Na opinião do presidente, a decisão já está mais no âmbito político do que técnico.
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Para Lula, a proposta atual desconsidera as credenciais do Brasil em torno do tema ambiental. Aos líderes, ele citou o trabalho do governo para reduzir o desmatamento na Amazônia e a iniciativa de reunir autoridades dos oito países da região na Cúpula da Amazônia, em agosto, em Belém.
Aprovado em 2019, após vinte anos de negociações, o acordo Mercosul-UE precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve 31 países.