Com campanha em 3 fases, Israel planeja abandonar domínio de Gaza
Ministro da Defesa afirma que estratégia militar tem objetivo de eximir governo israelense de responsabilidade sobre o território palestino
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse nesta sexta-feira, 20, que a campanha militar na Faixa de Gaza se divide em três fases que têm como objetivo final o fim da responsabilidade israelense sobre o enclave palestino. No momento, Tel Aviv controla 90% das fronteiras terrestres e marítimas do trecho, sendo a passagem de Rafah, que liga Gaza ao Egito, a única via fora de seu controle. Com a conclusão da operação, o país deixaria, na teoria, de controlar o trecho.
“Queremos fazer uma operação em Gaza para deixar de sermos responsável pelo território para sempre”, discursou Gallant a legisladores no parlamento do país, o Knesset.
Israel já ocupou Gaza por 38 anos, entre 1967 e 2005, quando suas tropas deixaram o local e relegaram sua gestão à Autoridade Palestina, substituída dois anos depois pelo grupo terrorista Hamas. Depois disso, país estabeleceu um bloqueio ao território, anos antes do ataque de 7 de outubro.
Como consequência, o Estado judeu impôs uma série de restrições às importações e exportações palestinas, com o apoio do Egito, país vizinho, que via a ascensão do Hamas como uma fonte de ameaças. Na prática, Gaza passou a depender do aval de Tel Aviv para boa parte de sua subsistência.
Em discurso ao Comitê de Relações Exteriores e Defesa do Knesset, Gallant explicou que a primeira fase da sua campanha militar em Gaza visa destruir a infraestrutura da organização terrorista, incluindo uma fase intermediária de “operações de menor intensidade” para eliminar “bolsas de resistência”. Com o sucesso das duas etapas anteriores, a última seria iniciada.
“A terceira fase exigirá a remoção da responsabilidade de Israel pela vida na Faixa de Gaza e o estabelecimento de uma nova realidade de segurança para os cidadãos de Israel”, disse o ministro, segundo um comunicado do seu gabinete.
Com o “cerco total” israelense, imposto pelo ministro em 9 de outubro, Gaza ficou sem receber energia, água potável e combustível. A crise humanitária levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a anunciar na segunda-feira 16 que a região tinha apenas 24 horas restantes de água. O lotado trecho, habitado por mais de 2 milhões de pessoas, aguarda a entrada de ajuda internacional através da passagem de Rafah, com a permissão do Egito. Os caminhões ainda aguardam autorização para entrar na Faixa.