Bogotá, 4 nov (EFE).- O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, apresentou nesta sexta-feira a nova agência de inteligência criada após a liquidação do anterior serviço secreto, Direção Administrativa de Segurança (DAS), imerso em um escândalo de escutas e de infiltração paramilitar.
‘Talvez em nenhum outro caso era este exercício tão urgente como no da inteligência civil. E por isso decidimos criar do zero uma nova agência que levará o nome de Direção Nacional de Inteligência’, anunciou o presidente.
Santos designou para diretor desta nova entidade, o ex-comandante da Marinha e almirante da reserva Álvaro Echandía Durán.
‘São muito poucas as pessoas na Colômbia que têm a experiência em inteligência do almirante Echandía, que têm a credibilidade, o conhecimento e sobretudo que demonstraram, como vi quando foi meu subalterno no Ministério da Defesa, uma combinação igual de eficácia com retidão’, considerou.
O presidente colombiano refletiu que depois de 58 anos de trajetória, o DAS deixou o país no último posto do continente em matéria de modernização da inteligência civil, e apontou que todas as democracias sólidas reorganizaram ou relançaram seus serviços secretos no último quarto de século.
‘É triste mas certo: as mudanças em inteligência nascem das crises. E é preciso saber aproveitar as crises’, disse.
O nascimento desta nova agência se inscreve no processo de reforma institucional e se soma às reestruturações que foram praticadas no seio da Polícia Nacional e das Forças Militares.
Esta nova entidade não vai representar uma mera mudança de nome, pois segundo Santos explicou ‘esta agência será algo completamente novo, que nunca existiu no país: uma agência civil dedicada de maneira exclusiva a tarefas de inteligência’.
Santos detalhou que a Direção Nacional de Inteligência ‘não terá faculdades de Polícia Judiciária’ e qualificou como insano que a inteligência possa depois realizar capturas, uma prática que segundo sua opinião lembra momentos sombrios das ditaduras do Cone Sul.
Também não será encarregada de funções de proteção a pessoas ameaçadas ou em risco de está-lo, de controle migratório, nem de expedição de antecedentes judiciais.
‘Esta agência trabalhará em silêncio pelo bem comum’, disse, acrescentando que se busca a profissionalização através de uma nova carreira profissional de inteligência.
Nos últimos dez de seus 58 anos de vida o organismo atingiu sua máxima cota de desprestígio, sobretudo em coincidência com os dois Governos consecutivos do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), que sempre negou ter a ver com os escândalos.
Os escândalos mais famosos têm a ver com as escutas ilegais e com a infiltração do paramilitarismo, que se aproveitou de informação classificada propiciando a morte de pelo menos uma pessoa, o defensor dos direitos humanos Alfredo Correa de Andréis.
O DAS fez espionagem ilegal de jornalistas, juízes, políticos opositores, personalidades do exterior e defensores de direitos humanos, entre outros.
Por estes casos vários diretores e comandantes do DAS foram condenados e estão presos, enquanto outros estão em etapa de julgamento em diferentes instâncias. EFE