Cidade chinesa propõe lockdown por gripe e gera revolta
Autoridades de saúde de Xi'an disseram que podem usar restrições da Covid-19 para combater casos de gripe
Autoridades da cidade de Xi’an, na China, provocaram uma revolta entre a população nesta sexta-feira, 10, ao dizerem que podem recorrer a lockdowns – os bloqueios generalizados usados para conter a propagação da Covid-19 – “quando necessário”, desta vez para combater futuros surtos de gripe.
Xi’an prometeu bloquear partes da cidade e fechar escolas se um surto representar uma “ameaça grave”, de acordo com um plano de resposta a emergências publicado na quarta-feira 8.
Muitos criticaram o plano nas redes sociais, chamando-o de “excessivo”, especialmente após o abandono das restrições contra a pandemia na China. Embora o presidente Xi Jinping tenha defendido a draconiana política de “Covid Zero” até o fim, uma onda de protestos como nunca se viu no país, no fim do ano passado, levou à suspensão de medidas como quarentenas generalizadas e testes em massa.
Houve uma intensa propagação do coronavírus durante os meses de dezembro em janeiro, mas agora são os casos de gripe que aumentaram em toda a China. Apesar de ser considerada menos grave que a Covid-19, também levou à escassez de medicamentos antivirais nas farmácias de todo o país.
Embora Xi’an não enfrente um lockdown iminente, alguns expressaram temores de que a cidade voltasse a ser regida pelas duras regras do período pandêmico. A região foi uma das que passou por lockdowns mais rígidos do país: moradores foram proibidos de sair de casa, até mesmo para comprar alimentos e outros suprimentos básicos, por um mês inteiro, em dezembro de 2021.
Uma pessoa escreveu na rede social chinesa Weibo que os surtos de gripe sempre foram comuns antes da Covid-19, mas “a vida continuou normalmente”. Outro observou que alguns governos locais eram “viciados em controle”.
O plano de Xi’an segmenta sua resposta à gripe em quatro níveis, de acordo com a gravidade da situação, e lockdowns só seriam implementados em caso de nível agudo de disseminação do vírus. Além disso, não é a única cidade chinesa que tem tais planos de emergência – em 2015, por exemplo, Xangai disse que pode cancelar aulas e o trabalho em caso de epidemia de gripe.
Tang Renwu, reitor da Escola de Governo da Universidade Normal de Pequim, disse, contudo, que a China provavelmente não verá um retorno de políticas rigorosas de saúde.
Falando ao jornal de Cingapura Lianhe Zaobao, o professor Tang disse que outros governos locais podem apresentar planos semelhantes nos próximos dias – já que as autoridades chinesas pretendem conter a gripe sazonal.
“Os governos locais devem prestar atenção ao seu texto ao emitir documentos semelhantes para não desencadear pânico social”, disse ele.