Casas alagadas, bairros sem luz, pessoas percorrendo as ruas em barcos e estradas bloqueadas são alguns dos problemas registrados nesta quarta-feira na província de Buenos Aires, causados por fortes chuvas que deixaram três mortos e milhares de desabrigados, enquanto crescem as críticas ao governo.
Mais de 10 mil moradores da província abandonaram suas casas pelas inundações, apesar de o governo não saber qual é o número total de desabrigados. Muitos buscaram abrigo na casa de parentes e amigos, complicando a apuração oficial, explicou à Agência EFE o diretor da Defesa Civil de Buenos Aires, Luciano Timerman.
A imprensa local afirma que mais de 20 mil estão desabrigados.
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“Há pessoas que começaram a voltar para as suas casas”, disse Timerman, apesar de as autoridades manterem o alerta por fortes ventos vindos do sudeste do país, que impedem o escoamento normal dos rios.
A cidade mais afetada é Salta, onde o rio que corta a região registrou uma alta histórica de 9,3 metros. Há 700 desalojados, além de milhares que abandonaram suas casas de forma preventiva.
Em Luján, a cerca de 60 quilômetros ao oeste da capital argentina, o rio de mesmo nome subiu até a emblemática basílica da cidade. Os bombeiros estimam que há cerca de 500 desabrigados e mais de 1.300 famílias afetadas pelas inundações.
As equipes de resgate usam embarcações para tirar os moradores de suas casas, já que muitos preferem ficar nos imóveis inundados por temerem roubos.
O governo e várias ONGs começaram a distribuir alimentos, cobertores, colchões e roupas entre os desabrigados, que também receberão benefícios sociais nos próximos três meses.
Críticas ao governo – A população afetada e os líderes da oposição criticaram nesta quarta-feira a ausência do governador da província de Buenos Aires e candidato à presidência do país, Daniel Scioli, que tem o apoio da atual mandatária, Cristina Kirchner. Vencedor das primárias realizadas no último domingo, ele partiu na noite de terça-feira em viagem para a Itália.
Já o prefeito de Buenos Aires e principal candidato da oposição, Mauricio Macri, afirmou em entrevista coletiva que alguns prefeitos da província se queixaram de um “certo abandono” do governador. Outro candidato opositor, Sergio Massa, classificou a viagem de Scioli como “inoportuna”.
Frente à avalanche de críticas, o governador da província de Buenos Aires adiantou o retorno e chegará à Argentina nas próximas horas, anunciou seu chefe de campanha, Jorge Telerman.
Os moradores afirmam que faltam planos estruturais para limpar os rios e obras para melhorar o escoamento. A situação se repete ano após ano sem que o governo crie soluções para resolvê-la. As fortes chuvas, que tiveram seu ápice entre o domingo e a segunda-feira, chegaram a 230 milímetros de água na província de Buenos Aires, mais do que toda a média de agosto.
Segundo o Serviço Meteorológico Nacional, deve chover de forma intermitente até a sexta-feira no norte da província de Buenos Aires.
(Com EFE)