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China registra menor número de casamentos em mais de três décadas

Governo se preocupa com a aproximação de uma possível crise demográfica

Por Da Redação
12 jun 2023, 11h20

No ano passado, China registrou, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 12, seu menor número de casamentos em 30 anos, desde que registros do tipo se tornaram públicos. Assim, o país enfrenta um declínio na taxa de matrimônios há quase uma década, que coincide com a diminuição nas taxas de natalidade e aumenta a pressão da crise demográfica.

De acordo com o Ministério de Assuntos Civis da China, em 2022, cerca de 6,83 milhões de casais juntaram as escovas no país. Isso representa uma queda de cerca de 10,5% em relação ao ano anterior, quando 7,63 milhões de matrimônios foram registrados, e marca uma baixa recorde desde 1986, quando o governo começou a divulgar estatísticas.

Os dados indicam que casar-se foi excepcionalmente desafiador para os chineses em um ano marcado por rígidas medidas contra a Covid-19 do governo. Porém, também demonstram a consolidação do declínio constante no número de pessoas que se casam desde o último pico, em 2013. Naquele ano, mais de 13 milhões de uniões foram registradas, quase o dobro de 2022.

Com núpcias em queda e um tombo acentuado no número de nascimentos, especialistas preveem um grave impacto econômico devido à redução da força de trabalho e ao envelhecimento da população. Em 2022, a população chinesa encolheu pela primeira vez em mais de 60 anos, com apenas 6,77 nascimentos a cada 1.000 pessoas – o nível mais baixo desde a fundação da China comunista, em 1949.

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As autoridades chinesas veem uma ligação direta entre menos casamentos e a queda de nascimentos no país, já que as normas sociais e os regulamentos governamentais tornam difícil para casais não oficiais terem filhos. Além disso, o alto desemprego e aumento do custo de vida reduzem a capacidade e vontade dos jovens de formar famílias.

A resposta rigorosa do Partido Comunista Chinês (PCC) à Covid-19 também cristalizou frustrações políticas latentes entre alguns jovens. A frase de efeito “Somos a Última Geração”, representando a recusa dos chineses em ter filhos, se tornou um grito de guerra durante o lockdown em Xangai.

Além disso, as mudanças dos papeis de gênero e a expansão das oportunidades de carreira estão levando mulheres a se casarem mais tarde, o que diminui as chances de terem mais de um filho, ou a sequer procurarem um parceiro. Segundo um relatório do jornal estatal Global Times, a idade média de matrimônios era de 28,67 anos em 2020, mais de quatro anos acima da registrada na década anterior.

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O governo chinês entrou em ação para combater a crise demográfica. Entre as medidas, está o relaxamento da “política do filho único” que, durante décadas, controlou quantos descendentes casais poderiam ter, bem como políticas de incentivo para nascimentos e casamentos.

Por exemplo, autoridades organizam eventos em massa de namoro às cegas, realizados pela Liga da Juventude Comunista. Também buscam reduzir o “preço da noiva”, o dote pago à família de um possível pretendente, uma barreira comum na China rural.

A Associação de Planejamento Familiar da China, afiliada ao governo, também estendeu um programa piloto de 2022 defendendo “um novo conceito de casamento e filhos”. Implantado em 20 cidades ou distritos municipais no ano passado, com mais 20 localidades adicionadas este ano, o programa tem como foco motivar os jovens a se casarem na “idade adequada” e incentivar casais a compartilharem as responsabilidades na criação dos filhos, para reduzir o fardo sobre as mulheres.

Os dados mais recentes do Ministério de Assuntos Civis também mostraram uma ligeira queda nos registros de divórcio, com 2,1 milhões registrados em 2022, abaixo dos 2,13 milhões no ano anterior. Isso porque, em 2021, a China determinou um período de “espera” de 30 dias para quem decide dissolver o casamento, também na tentativa de combater a crise demográfica. Críticos afirmam, contudo, que a medida pode dificultar a vida de mulheres que deixam relacionamentos abusivos.

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Além da China, países com Japão e Coreia do Sul também sofrem com significativa redução nas taxas de natalidade e declínio populacional. Esses governos também introduziram medidas para encorajar mais nascimentos, como incentivos financeiros, subsídios de moradia e mais apoio à assistência à infância. O sucesso das políticas, no entanto, mostrou-se limitado.

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