Cameron promete plebiscito sobre permanência na UE
Premiê afirmou que desencanto dos britânicos com os rumos do bloco são a justificativa para a consulta popular. 'Se sairmos, será um bilhete só de ida'
O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, se comprometeu, em discurso nesta quarta-feira, a convocar após as eleições de 2015, se for reeleito, um plebiscito para que o povo decida se o Reino Unido deve permanecer ou não na União Europeia (UE). “É hora de os britânicos darem uma palavra a esse respeito. Eu digo: a decisão é de vocês”, afirmou.
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Cameron disse, ainda, que apesar de saber que a Grã-Bretanha sobreviveria fora da UE, essa decisão tem de ser pensada com muito cuidado devido a suas implicações. “Se nós deixarmos a União Europeia, será um bilhete apenas de ida”, disse. Mesmo assim, ele considera o referendo necessário por causa do “desencanto atual da opinião pública” com os rumos do bloco. “As pessoas consideram que a UE ruma para uma direção que nunca quiseram. Elas não gostam das interferências em nossa vida nacional, através de leis e regulamentos que consideram supérfluos.”
O pronunciamento de Cameron foi criticado pela oposição. Para os trabalhistas, ele é um “primeiro-ministro fraco, que está sendo levado pelos interesses de seu partido – e não os da economia britânica”. “Nós entendemos a necessidade de mudança, mas honestamente não acredito que a melhor maneira de começar a fazer isso é ficar à porta de saída exigindo mudanças ou ameaçando sair”, afirmou Douglas Alexandre, membro do Partido Trabalhista. Já os liberais democratas apostam que uma renegociação da adesão britânica irá causar incertezas e travar investimentos estrangeiros.
Pressão – Com o discurso desta quarta, Cameron tenta aliviar a pressão que vem sofrendo de parlamentares de seu próprio partido que desejam uma relação mais flexível entre a Grã-Bretanha e a União Europeia. Por outro lado, muitos ingleses consideram que o “ultimato” do premiê sobre a UE pode causar danos econômicos e diplomáticos para a Grã-Bretanha.
Além de desagradar os líderes do bloco europeu, o pronunciamento de Cameron também não deve ser bem recebido por um dos principais aliados de Londres, os Estados Unidos, que já afirmaram que desejam a manutenção da Grã-Bretanha como uma “voz forte” dentro da UE.
(Com agência EFE)