Câmara dos EUA marca votação sobre pacotes econômicos de Biden
Projeto pode ser votado já nas próximas horas, após líderes democratas abandonarem acordo com ala progressista do partido
Após um atraso de sete horas e em meio a diversas incertezas, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos marcou a votação dos dois projetos de lei que compõem o ambicioso plano de 3 trilhões de dólares do presidente Joe Biden. Líderes do Partido Democrata afirmaram nesta sexta-feira, 5, que pretendem votar já nas próximas horas o projeto, abandonando um acordo com a ala progressista do partido para colocar primeiro em votação um pacote socioambiental.
É esperado que os congressistas votem a favor do pacote de infraestrutura de 1,2 trilhão, aprovado pelo Senado em agosto, por 69 votos a 30 e com apoio de um terço dos senadores republicanos. Se aprovado, só será necessária a assinatura presidencial para que se torne lei.
Depois disso, a Câmara deve enviar ao Senado o projeto de lei “Build Back Better”, que prevê gastos sociais e ambientais de até 1,85 trilhão.
“Agora, estamos na beira de um progresso econômico histórico (…) “Dois projetos de lei que, juntos, irão criar milhões de empregos, crescer a economia e investir em nossa nação e nosso povo”, disse Biden em discurso na Casa Branca nesta sexta-feira. “Peço a todos os membros da Câmara que votem sim nesses dois textos, agora”.
Os atrasos se deram por conta de negociações entre as alas do partido sobre a ordem da votação. Enquanto os líderes passaram horas tentando fazer com que moderados apoiassem o plano de votar primeiro o pacote mais caro, moderados se mostraram relutantes até que fosse publicada uma avaliação do escritório orçamentário do Congresso.
Como o esboço do projeto de lei foi finalizado no final de novembro, o escritório ainda não analisou o impacto financeiro, o que deve demorar dias para ser concluído.
O texto, em seu estado atual, não teria aprovação no Senado e provavelmente será reduzido significativamente.
“Não será promulgado como está. Todos devem aceitar isso”, disse Jon Tester, senador democrata de Montana, ao portal Politico.
Como resultado, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da maioria democrata na casa, Steny Hoyer, não teriam os votos para aprovar o pacote mais amplo de serviços sociais, que foca em prioridades progressistas como ferramentas para lutar contra as mudanças climáticas e expandir benefícios para idosos.
Como a maioria é extremamente restrita na Câmara, os democratas só podem perder três votos para que o projeto seja aprovado e nenhum republicano deve votar a favor.
Um sucesso com os dois projetos seria uma vitória importante para Biden, que viu sua popularidade cair desde a caótica retirada das forcas americanas do Afeganistão e seu partido sofrer uma derrota nas eleições locais na Virgínia, considerada um termômetro do apoio às políticas presidenciais.
O resultado do pleito na Virgínia indica que Biden pode ter problemas para alcançar maioria nas eleições legislativas do ano que vem e manter o controle da Câmara dos Deputados e do Senado.