Bolívia levanta dúvidas sobre caso de argentina resgatada após 32 anos
Ministro boliviano questiona hipótese de que mulher tenha chegado ao país por meio de traficantes de pessoas e permanecido forçadamente desde então
O governo boliviano questiona detalhes do caso da cidadã argentina que teria permanecido sequestrada por 32 anos até ser libertada nesta terça-feira 25. As informações foram divulgadas originalmente pela Gendarmería Argentina (guarda nacional do país), que informou ter recuperado a mulher, de 45 anos, em companhia de um filho de nove. Segundo o órgão, o caso seria de tráfico humano.
Nesta quinta-feira 27, Carlos Romero, ministro de Governo da Bolívia, convocou uma coletiva de imprensa para apresentar objeções à versão que se difundiu em veículos de todo o mundo. Romero negou que o caso envolva tráfico de pessoas e comentou que a mulher, cujo nome em nenhum momento foi revelado, trabalhava normalmente no país até então.
“Chama a atenção que uma pessoa que supostamente foi vítima de tráfico humano trabalhava há muitos anos no Mercado Central de Bermejo [cidade onde foi encontrada, na Bolívia] e tem um documento de identidade nacional. A princípio, a polícia está considerando a hipótese de que não se trata de um caso de tráfico de pessoas”, afirmou o ministro.
“O caso foi aberto em Durango, na Argentina, não há denúncia na Justiça boliviana. É uma situação sui generis. Em uma investigação não se pode descartar nada, mas as informações iniciais debilitam a hipótese de que se trata de tráfico de pessoas”, acrescenta Romero.
Veículos argentinos, como o jornal Clarín, apuraram que a mulher teria chegado à Bolívia com 13 anos, em um caso de tráfico humano, quando foi levada para um prostíbulo. Desde então, estaria vivendo em uma garagem, com seu filho, e sendo explorada em um bordel.
Embora fosse considerada desaparecida para a Justiça de seu país natal, o ministro levanta dúvidas de que a mulher estivesse em solo boliviano de modo forçado. “Nunca fui mencionado que ela esteve esse período na Bolívia contra sua vontade. Não foi explícita a maneira como ingressou no país, ainda que se diga ter sido de modo ilegal. Nunca procurou a Justiça para denunciar situação anormal”, finalizou.