Uma tentativa de diálogo político na Bolívia impulsionada pelo presidente Evo Morales fracassou em seu primeiro dia, depois que os principais partidos da oposição abandonaram o encontro com o argumento de que as discussões devem ser realizadas na presença da imprensa.
Morales havia convocado todos os partidos opositores para debater, pela primeira vez desde que chegou ao poder em janeiro de 2006, uma agenda nacional que havia sido definida anteriormente em uma reunião de sindicatos ligados ao seu governo, e que aborda vários temas nos planos político, social e econômico.
A ruptura entre o governo populista e indígena de Morales e a oposição de direita não foi uma surpresa devido às grandes diferenças ideológicas entre ambos os setores. No passado, o governo Executivo chegou a acusar a direita de ter armado no final de 2008 uma tentativa de golpe, embora os acusados tenham negado várias vezes a versão.
Morales, depois de abrir a reunião na Vice-presidência, pediu que a imprensa se retirasse e afirmou que o encontro seria realizado a portas fechadas.
A iniciativa desencadeou protestos dos opositores do Movimento Sem Medo (MSM, centro), Unidade Nacional (UN, centro-direita) e do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR, direita), cujos líderes abandonaram o local.
“Vocês (os jornalistas) foram testemunhas da teimosia do presidente, da surdez. Não permite a presença dos meios de comunicação e, por isso, o Movimento Sem Medo se retira” da reunião, afirmou Juan del Granado, ex-prefeito de La Paz.
A saída dos principais partidos opositores provocou a crítica do governo.
O presidente Morales afirmou então: “Se os opositores estão entendendo (o encontro) como um debate político, parece que me enganei em convocá-los”.
Apesar da saída dos opositores, o vice-ministro da Coordenação, César Navarro, disse que o governo trabalhará para discutir uma agenda nacional com as formações políticas que restaram.