O democrata Joe Biden, candidato à Presidência dos Estados Unidos, não está apenas nove pontos à frente do presidente republicano Donald Trump na pesquisa de intenção de voto do jornal The New York Times/Siena College, publicada nesta terça-feira, 20, mas também se mostra favorito na maioria dos assuntos mais urgentes destas eleições presidenciais.
Biden lidera a preferência como gestor da pandemia do novo coronavírus por 12 pontos percentuais. Em relação à competência para escolher o próximo juiz da Suprema Corte – para substituir a falecida Ruth Bader Ginsburg – e à capacidade para a manutenção da lei e da ordem nos Estados Unidos, o democrata tem 6 pontos percentuais de vantagem. Além disso, 20% mais americanos acham que ele tem maior potencial de unir o país.
Trump perdeu até mesmo sua vantagem de longa data em questões econômicas, na qual baseava o argumento de que um eventual governo democrata traria pobreza e instabilidade. Agora, eleitores estão igualmente divididos entre os candidatos.
A pesquisa deixa claro que potenciais eleitores do republicano rejeitam sua conduta: 48% do eleitorado disseram ter uma “impressão muito desfavorável” em relação ao atual presidente. No geral, Biden tem o apoio de 50% dos prováveis eleitores, comparado com 41% de Trump.
Os esforços do líder americano para manchar a imagem de Biden, com o intuito de converter eleitores indecisos, não parece estar funcionando. Enquanto 43% dos eleitores avaliam Trump como “um pouco ou muito favorável”, 53% dizem o mesmo do democrata. A margem de erro da pesquisa, realizada de 15 a 18 de outubro, é de 3,4 pontos percentuais.
A tendência tem muitas explicações. Enquanto sete em cada 10 eleitores se disseram favoráveis a uma nova rodada do estímulo, Trump ainda não pressionou os republicanos do Congresso a aprovarem novos gastos com auxílio emergencial devido à pandemia de Covid-19, apesar de tê-lo endossado nominalmente.
A negligência do atual presidente gerou um afastamento do eleitorado, ao mesmo tempo que Biden anunciou planos faraônicos para reerguer a economia – que inclui um pacote de infraestrutura e energia renovável de 2 trilhões de dólares.
Trump também não conseguiu persuadir os americanos de que a pandemia está “sob controle” ou “diminuindo”, como declarou, contra os fatos. A maioria dos eleitores disse acreditar que o pior da pandemia ainda está por vir, em comparação com 37% que dizem que o pior já passou.
Além disso, a maior parte das pessoas reprova a recusa do presidente em usar máscara para se proteger (e proteger aos outros) da Covid-19: eleitores apoiam o uso obrigatório de máscara, 59% a 39% ao todo.
Um dos únicos grupos demográficos que preferem Trump são eleitores brancos sem diploma universitário, entre os quais ele tem 23 pontos percentuais de vantagem sobre Biden. Contudo, até essa vantagem é preocupante para o republicano, já que, nas eleições de 2016, o mesmo grupo o favorecia por 37 pontos em relação a Hillary Clinton.
O democrata tem o apoio esmagador de mulheres, não-brancos e brancos com diploma universitário. Se apenas as mulheres votassem, Biden ganharia de Trump de 58% a 35%. Ao contrário de quatro anos atrás, o Partido Democrata também tem vantagem entre as mulheres brancas.
Muitas das prioridades políticas de Biden são bem vistas entre os entrevistados. Por exemplo, dois em cada três eleitores apoiam a chamada “opção pública” para comprar planos de saúde pelo governo federal. A mesma proporção apoia o plano de infraestrutura com energia renovável e ainda mais eleitores, 72%, apoiam o pacote de estímulo de 2 trilhões de dólares dos democratas na Câmara, para ampliar o seguro-desemprego, enviar cheques de auxílio e apoiar governos estaduais.
Se Biden vencer a disputa no dia 3 de novembro, resta saber se ele terá capacidade de fundir a ampla gama de eleitores anti-Trump em uma sólida aliança de governo. Segundo o Times, muitos eleitores o enxergam como um candidato abaixo da média, escolhendo-o apenas por falta de opção.