As próximas eleições serão supervisionadas por um comitê independente e observadores internacionais para que sejam livres e transparentes”, Maya Jribi, secretária-geral do Partido Democrático Progressista (PDP)
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O Exército invadiu neste domingo o palácio presidencial de Cartago, onde se encontram entrincheirados elementos da guarda do ex-presidente Ben Ali, segundo uma fonte da segurança. Um habitante da localidade informou que houve tiros nas proximidades do Palácio presidencial e que o exército estabeleceu um perímetro de segurança em torno do prédio. Segundo a televisão pública local, a polícia tomou conta das instalações da Escola de Altos Estudos Comerciais (HEC), que fica próximo ao palácio, e pediram ajuda dos militares por estarem debaixo de fogo.
As forças militares que protegem os arredores do palácio presidencial de Cartago, nas proximidades de Túnis, chegaram ao local na tarde deste domingo e iniciaram um tiroteiro contra os homens armados que tentavam invadir a sede da Presidência tunisiana.
Segundo testemunhas, os agressores poderiam ser partidários do general Ali Sariati, que foi chefe de segurança do ex-presidente Zine el Abidine Ben Ali, foragido na Arábia Saudita desde sexta-feira. Ao ser repelido pelos militares, o grupo fugiu e está entrando nos jardins e casas da região de Cartago. Os agressores estão armados com pistolas e disparam indiscriminadamente enquanto buscam refúgio nos telhados das vilas da região, segundo informou Nasli Hafsia, escritora e testemunha dos incidentes.
Nova presidência – A composição do novo governo tunisiano será anunciada nesta segunda-feira, três dias depois de o presidente Zine el Abidine Ben Ali ter abandonado o país, informou Maya Jribi, secretária-geral do Partido Democrático Progressista (PDP). “Foi decidido de forma consensual separar os partidos pró-governamentais. O novo governo será integrado por representantes do movimento Ettajdid (Renascimento), do PDP, da Frente Democrática para o Trabalho e Liberdades (FDTL), assim como por personalidades independentes”, acrescentou.
Estas três organizações políticas faziam parte da oposição legalizada. “As próximas eleições serão supervisionadas por um comitê independente e observadores internacionais para que sejam livres e transparentes”, destacou Maya Jribi, precisando que os três partidos pediram uma anistia geral para todos os presos políticos.
Revolta popular – Há quatro semanas a Tunísia está mergulhada em protestos que deixaram ao menos 76 mortos. Há revolta com a inflação, o desemprego, a corrupção e a repressão do governo de Ben Ali, que chegou ao poder em 1987 após um golpe de estado. O presidente Ben Ali foi alvo de uma das revoltas populares mais sem precedentes contra seu regime, que se estendeu por todo o país deixando dezenas de mortos sob o fogo das forças de ordem.
(Com agências Efe e France-Presse)