Annan confirma envio de equipe de observadores em maio
Enviado da ONU à Síria afirma que plano de paz é última chance para o país
O enviado especial do secretário-geral da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, disse nesta terça-feira que os 300 observadores das Nações Unidas que vão supervisionar o cessar-fogo no país árabe devem chegar no final de maio.
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos.
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança, que já mataram mais de 9.400 pessoas no país.
- • A ONU alerta que a situação humanitária é crítica e investiga denúncias de crimes contra a humanidade por parte do regime.
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“Recebemos garantias de que no final deste mês os 300 observadores estarão no país e essa presença fará claramente a diferença”, disse Annan em Genebra, após discursar por videoconferência para o Conselho de Segurança da ONU.
Na explanação a portas fechadas para os quinze membros do Conselho de Segurança, Annan informou que seu plano de paz é a última chance para evitar uma piora da situação no país, informaram fontes diplomáticas. “O plano de paz não é um compromisso sem limites, mas possivelmente a última oportunidade para evitar uma guerra civil”, disse, destacando que a aplicação não está sendo totalmente cumprida.
Segundo as mesmas fontes, o diplomata africano ressaltou que o Governo de Bashar Assad tem a responsabilidade de retirar os militares de diversos pontos da Síria. No entanto, as tropas do governo ainda permanecem nas ruas, apesar dos inúmeros pedidos e da presença dos primeiros observadores da ONU no país.
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Abusos – Annan informou que houve redução no uso de armamento pesado por parte das forças governamentais, mas alertou para o aumento de violações de direitos humanos, como torturas e detenções. O porta-voz explicou que seu plano, para ser bem-sucedido, deve levar ao diálogo político entre as autoridades e a oposição. Segundo ele, o aumento da presença de observadores internacionais no país de 70 para 300 pode ajudar a criar melhores condições para a paz na Síria.
A situação no país continua preocupando os membros do Conselho de Segurança, como reconheceu o embaixador da Alemanha, Peter Wittig. Segundo ele, o objetivo é chegar a um processo político e isso só vai ser possível após o fim da violência por parte das autoridades sírias.
O Governo e a oposição aceitaram há quatro semanas um acordo para por fim às hostilidades, mas o termo foi violado diversas vezes. A missão de Annan é implantar um plano que inclui o fim da violência, a libertação dos presos políticos e o contato de organizações humanitárias com a população civil e com a imprensa internacional.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou em 21 de abril uma resolução para aumentar o número de observadores militares desarmados na Síria, dentro da chamada Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS).