Um paciente de 30 anos morreu após participar de uma “Corona Party” ou “festa de Covid-19“, informou nesta segunda-feira, 13, o Hospital Metodista de San Antonio, no estado do Texas, nos Estados Unidos. Segundo a diretora médica da instituição, o paciente acreditava que o coronavírus era apenas um boato, mas se arrependeu conforme seu quadro se agravou.
“Pouco antes de o paciente morrer, ele disse à enfermeira: ‘Acho que cometi um erro, pensei que [o coronavírus] fosse uma farsa, mas não é'”, disse Jane Appleby, diretora médica do hospital Metodista de San Antonio, onde o paciente estava internado.
Uma “festa de Covid-19” é um evento geralmente organizado por alguém diagnosticado com coronavírus, para que seus convidados se infectem intencionalmente. Os eventos escondem uma competição macabra: quem primeiro tiver um teste positivo para a Covid-19 ganha todo o dinheiro arrecadado com a bilheteria – como ocorreu no estado do Alabama no início do mês. Alguns frequentadores justificam o contágio como um caminho para a imunidade. Além disso, há aquelas cujo objetivo é apenas verificar se o vírus é real, por meio do contágio.
A prática remete a um antigo costume contra doenças infantis. Antes de haver uma vacina contra a catapora, pais costumavam realizar festas para infectar seus filhos com a doença, já que o quadro tornava-se mais perigoso na idade adulta. O coronavírus, no entanto, não se comporta como a catapora: ainda não foi comprovado que a infecção suscita imunidade, portanto, talvez seja possível voltar a pegar a doença depois de um período.
Segundo o jornal americano The New York Times, o hospital não informou quando a festa aconteceu, quantas pessoas compareceram ou quanto tempo após o evento o paciente foi hospitalizado.
O jornal britânico The Guardian reporta que a instituição decidiu revelar o caso depois de observar um aumento “preocupante” de infecções no Texas. Segundo ela, 22% dos testes realizados durante a última semana tiveram resultados positivos para a Covid-19, sendo que algumas semanas atrás a proporção era de 5%.
Além disso, uma faixa etária mais ampla está sendo afetada, com várias pessoas na casa dos 20 e 30 anos internadas com quadros graves.
Na semana passada, o Texas continuou a bater recordes de casos confirmados e mortes relacionadas à doença. No domingo, foram registrados 8.196 novos casos, 80 mortes e um total de 10.410 pessoas hospitalizadas devido ao vírus.
Houston, a capital do estado e quarta maior cidade dos Estados Unidos, luta para acomodar o número crescente de pacientes em seus hospitais. O prefeito da cidade, Sylvester Turner, e a juíza do condado de Harris, Lina Hidalgo, pediram que uma ordem executiva de permanência em casa fosse emitida para controlar o surto.
A decisão sobre um lockdown, no entanto, é do governador republicano Greg Abbott. Apesar de ter voltado atrás no processo de reabertura do estado, fechando bares novamente e reduzindo a capacidade de atendimento de restaurantes, Abbott é resistente a um bloqueio total desde o início da pandemia, dizendo que esse deveria ser o último recurso.