Roger Stone, amigo de longa data e conselheiro de campanha do presidente Donald Trump, foi condenado nesta sexta-feira, 15. O consultor político foi considerado culpado por sete crimes em uma investigação sobre a influência russa nas eleições de 2016. Os promotores alegaram que ele mentiu para os legisladores sobre seu envolvimento com o WikiLeaks, coagiu testemunhas e obstruiu uma investigação do Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados sobre o caso ao se recusar a entregar os documentos solicitados.
Stone foi preso em janeiro, mas solto logo depois ao pagar fiança, por envolvimento na divulgação de milhares de documentos roubados do Partido Democrata em 2016, com o objetivo de favorecer a campanha do republicano para a Casa Branca. Ele teria se valido do WikiLeaks para executar a tarefa. Stone, de 67 anos, foi indiciado como parte da investigação conduzida pelo procurador especial Robert Mueller.
Stone e Trump são amigos há três décadas. Ele foi conselheiro formal de Trump em 2015 e, nos anos seguintes, manteve-se em contato com o então candidato republicano e com seus colaboradores. Antes das eleições de 2016, esteve em contato com o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, a quem considerava “um herói”.
No caso do vazamento de dados dos democratas, Stone sempre negou contato com a Rússia e com o WikiLeaks. Mas agentes de inteligência dos Estados Unidos comprovaram que ele tinha trocado mensagens com o “Guccifer 2.0”, perfil do Twitter usado por militares russos. Entre os documentos vazados em 2015 estavam os emails pessoais da então candidata democrata Hillary Clinton, da época em que fora secretária de Estado. A ex-senadora usava as contas pessoais — e não a fornecida pelo Departamento de Estado, com alto nível de segurança — para tratar de suas atribuições oficiais. Stone foi considerado como um “ponto de acesso” ao WikiLeaks.
Os advogados do conselheiro político negam que ele tenha mentido ao Congresso, ou que ele tenha tentado, de qualquer maneira, proteger Donald Trump durante as investigações.
Em sua investigação, Mueller não encontrou nenhuma prova de que a campanha de Trump ou o próprio republicano tenham atuado diretamente com a Rússia durante as eleições. O procurador, contudo, afirmou que foi vítima de diversas tentativas do presidente de acabar com sua apuração. Apesar da constatação, disse que acusar formalmente Trump não era uma opção a se considerar, pois não é permitido que o Departamento de Justiça acuse de crime um presidente em exercício. Ainda assim, a Constituição prevê a possibilidade de o Congresso iniciar um processo de impeachment.
Atualmente, Trump é alvo de um processo de cassação do seu mandato comandado pelos deputados democratas da Câmara por seu envolvimento em outro escândalo, envolvendo o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky.
(Com Estadão Conteúdo)