Acordo para o Brexit é ‘praticamente impossível’, aponta governo britânico
Após ligação telefônica com Angela Merkel, Boris Johnson antecipa fracasso da negociação com a UE
Um acordo para o Brexit entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) é “praticamente impossível”, afirmaram fontes do governo britânico à imprensa local nesta terça-feira, 8, após uma ligação telefônica entre o primeiro-ministro Boris Johnson e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel.
Johnson e Merkel se falaram na manhã desta terça sobre as propostas enviadas por Johnson à UE na semana passada. Segundo a BBC, a líder alemã deixou claro que um acordo de saída com base nesses planos era muito “improvável”.
Uma fonte do governo britânico citada pela revista The Spectator afirmou ainda que Johnson já considera que as negociações com o bloco europeu vão fracassar e que ele terá que “fazer todo tipo de coisa” para impedir outro adiamento do Brexit.
“Se o acordo morrer nos próximos dias, não o reviveremos”, disse esta fonte próxima a Johnson, que reiterou que ele retirará o Reino Unido da UE em 31 de outubro, sem pedir um terceiro adiamento.
Há semanas crescem as especulações sobre a intenção do primeiro-ministro de encontrar uma brecha na lei aprovada pelo Parlamento britânico em setembro para forçá-lo a solicitar um novo adiamento, na ausência de um acordo até 19 de outubro.
Após o vazamento das informações, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, criticou a gestão do Brexit feita pelo Reino Unido.
“Não se trata de ganhar um estúpido jogo de culpa. Está em jogo o futuro da Europa e do Reino Unido, assim como a segurança e os interesses do nosso povo. Se você não quer um acordo, não quer uma extensão (das negociações), não quer revogá-lo, quo vadis (“para onde vai”, em latim)?”, disse Tusk no Twitter.
Membros do governo europeu e britânico, contudo, levantaram a hipótese de que o Reino Unido tenha vazado as informações na manhã desta terça de forma intencional para deixar claro aos outros 27 países europeus a determinação de Johnson em relação ao prazo de 31 de outubro.
Segundo a ex-ministra do Trabalho Amber Rudd, que renunciou ao governo de Johnson em setembro, a fonte parece ser Dominic Cummings, consultor especial do primeiro-ministro e arquiteto da vitória do Brexit no referendo de 2016.
“Peço ao primeiro-ministro que assuma o controle e nos dê alguma clareza, dignidade e diplomacia sobre o que está acontecendo”, disse Rudd à rádio BBC.
Boris Johnson já disse que preferiria “morrer em uma vala” antes de pedir uma prorrogação até o final de janeiro, embora uma lei impulsionada pela oposição obrigue o governo a solicitar uma extensão das negociações caso haja um acordo pronto até 19 de outubro.
Já a Comissão Europeia garantiu que as negociações em nível técnico com o Reino Unido não se romperam.
“As conversas continuam, portanto não sei como poderiam ter sido rompidas se estão acontecendo hoje mesmo e seguirão nos próximos dias”, disse a porta-voz do governo comunitário, Mina Andreeva, ao acrescentar que o negociador-chefe da UE, Michel Barnier, informará amanhã ao resto dos comissários sobre estado das conversas.
A porta-voz afirmou que a UE segue trabalhando sob a premissa de que o Reino Unido sairá no dia 31 de outubro, dado que assim foi reiterado “pelo primeiro-ministro britânico”.
(Com EFE e AFP)