A cinco dias das eleições em Israel, Netanyahu se reúne com Putin
Em Moscou, líderes "trocaram anotações" sobre participação conjunta na guerra civil da Síria
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, se reuniu nesta quinta-feira, 4, com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou. A viagem acontece a apenas cinco dias das eleições gerais israelenses, marcadas para o dia 9 de abril.
Ao comentar os objetivos do encontro entre os dois líderes, o terceiro nos últimos meses, o Kremlin afirmou que eles iriam “comparar suas anotações” durante uma breve conversa. Israel e Rússia vêm coordenando operações aéreas conjuntas na Síria, que vive uma guerra civil que entrou recentemente em seu nono ano.
Antes de deixar Israel, na quarta-feira 3, Netanyahu confirmou que ele e Putin “discutiriam acontecimentos na Síria”, incluindo a “coordenação especial entre nossos militares.”
Soldado desaparecido
Outro assunto da reunião desta quinta foi a recuperação dos restos mortais de Zachary Baumel, um soldado américo-isralense que desapareceu em uma batalha contra forças sírias no sul do Líbano, em 1982, logo depois da invasão israelense no país.
Um dia antes, o Exército de Israel havia anunciado que o corpo do soldado, enterrado na Síria, já estava à caminho de Israel. Putin comentou que a Rússia participou ativamente do resgate.
“Nosso Exército trabalhou com parceiros sírios para encontrar o local em que ele estava enterrado”, disse o líder russo, segundo informações da agência Interfax. “Nós estamos muito felizes que agora seu país natal poderá oferecer as honras militares devidas.”
Netanyahu agradeceu a Putin e confirmou que pediu ajuda do presidente para encontrar os restos mortais de Baumel há 2 anos. Segundo o primeiro-ministro, o enterro simbólico do soldado será ainda nesta quinta-feira em Israel. Ele tinha 21 anos quando sumiu junto de outros dois militares.
“Sou grato a você, senhor Presidente, pela sua amizade pessoal, por seu posicionamento”, disse o premiê israelense, em fala atribuída pela agência russa TASS. “Nós compartilhamos valores em comum.”
Netanyahu disse que a repatriação do corpo de Baumel é um símbolo de “consciência de responsabilidade mútua e um sentimento de união.”
Prova de fogo
As eleições do dia 9 de abril são vistas como um referendo sobre a hegemonia de Netanyahu, que foi primeiro-ministro de 1996 a 1999 e retornou ao poder em 2009, somando 13 anos à frente do Executivo.
Como parte da campanha, o premiê vem cumprindo uma agenda diplomática extensa. Apenas nas últimas semanas, ele viajou aos Estados Unidos para encontrar o presidente Donald Trump e recebeu o líder brasileiro Jair Bolsonaro em Jerusalém, em uma manobra para fortalecer sua imagem como um estadista.
O maior desafio à reeleição do primeiro-ministro, que busca um quinto mandato, é uma coalizão centrista liderada pelo general Benny Gantz e que vem crescendo em meio às várias denúncias de corrupção que pesam contra o governo.
As eleições gerais de Israel estavam previstas para novembro deste ano, mas foram antecipadas pelo governo, em dezembro de 2018, pelas dificuldades enfrentadas pelo primeiro-ministro. Ele lidera o país com maioria de apenas um assento no Knesset, o Parlamento israelense – 61 dos 120 deputados -, o que tornava difícil aprovar leis e conduzir o país.