Bolsonaro diz não ter se sentido usado por Netanyahu para reeleição
Presidente reconheceu que seu governo é passageiro: “Graças a Deus, né? Imagina ficar o tempo inteiro com esse abacaxi?”
Pouco antes de deixar Israel depois de uma visita de três dias, Jair Bolsonaro comentou as repercussões de sua viagem. O presidente negou que tenha se sentido usado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que concorre à reeleição na próxima quarta-feira, 9.
“De jeito nenhum. Eu sou maior de idade, já estou sexagenário”, afirmou, ao ser questionado sobre o tema por jornalistas no hotel em que esteve hospedado em Jerusalém nesta quarta-feira, 3.
A decisão do líder brasileiro de viajar a Jerusalém na véspera das eleições foi vista por muitos como uma forma de favorecer o premiê. Bolsonaro foi perguntado se não temia uma retaliação de um possível novo governo de Israel contra o Brasil, caso Netanyahu saia derrotado da votação e um novo premiê decida se afastar dos antigos aliados.
“O meu compromisso é com Israel”, afirmou. “Nós sabemos que o Nataniel [sic] é passageiro, daqui a pouco muda”.
Bolsonaro reconheceu que também é passageiro. “Graças a Deus, né? Imagina ficar o tempo inteiro com esse abacaxi?”, disse, rindo. “Abacaxi não né? Com esse monte de problema nas costas”.
“Eu desejo boa sorte a ele [Netanyahu] enquanto estive a frente desse povo maravilhoso que é o israelense”.
O presidente também comentou as reações de países árabes à decisão brasileira de instalar um escritório de comércio, tecnologia e inovação em Jerusalém.
“Não estamos no Brasil em situação de arrumar encrenca com ninguém. Eu quero é solução’, disse. “Todos aqueles que puderem fazer negócio conosco, da minha parte vai ser todo o carinho e consideração’.
Bolsonaro, contudo, defendeu mais uma vez o direito à soberania israelense. “Mas tem que respeitar o Estado de Israel. O povo aqui é soberano”, disse.
“Respeito o povo palestino, só não posso concordar com grupos terroristas”, ponderou. “Isso estaria contra a minha biografia, que combati esse pessoal da esquerdália desde 70 quando era garoto no Vale do Ribeira”.
A instalação do escritório brasileiro em Jerusalém foi considerada um primeiro gesto para o reconhecimento da cidade como capital de Israel pela Autoridade Nacional Palestina (ANP). A liderança decidiu convocar seu embaixador no Brasil, Ibrahim Zeben, para prestar esclarecimentos sobre o tema.
A questão é sensível não apenas para os palestinos, como para todos os países árabes e muçulmanos, e para os que acreditam na solução de dois Estados.