A sul-africana Caster Semenya, medalha de ouro nos 800 metros do Mundial de Atletismo de Berlim na quarta-feira, ainda não poderá cantar vitória. Apesar de a cerimônia de premiação estar prevista para esta quinta, a jovem deverá passar por um teste de feminilidade antes de ser declarada vencedora. E se reprovada, poderá ter de devolver a medalha.
Semenya, de 18 anos, despertou suspeitas ao bater seu próprio recorde no mês passado em um campeonato africano, quando alcançou o marco de 1 minuto e 56,72 segundos – o melhor do ano até então. Ela teve que ser submetida a um exame pela IAAF (Associação Internacional de Federações de Atletismo) no dia 31. O resultado, no entanto, só deve sair dentro de algumas semanas.
A polêmica, revelada pela IAAF na quarta, pareceu não abalar a performance de Semenya em Berlim. Praticamente desconhecida até esta semana, a sul-africana venceu a corrida em 1 minuto e 55,45 segundos, com uma folga de 2,45 segundos em relação à segunda colocada, a queniana Janeth Jepkosgei. O bronze foi para a britânica Jennifer Meadows.
Em uma reportagem do jornal britânico Times, algumas atletas manifestaram desconfiança. “Para mim, ela não é uma mulher”, disse a italiana Elisa Piccione, que terminou em sexto lugar. A russa Mariya Savinova, que ficou em quinto, também levantou questionamentos quanto ao gênero de Semenya. As suspeitas, decorrentes da aparência e força da sul-africana, são de que ela seja hermafrodita, com a genitália feminina, mas gens masculinos.
Nesta quinta, o pai de Semenya saiu em defesa de sua filha: “Ela é a minha menina… Eu a criei e nunca duvidei de seu sexo. Ela é uma mulher e posso repetir isso um milhão de vezes”, disse Jacob ao jornal Sowetan.
Testes de gênero estão banidos dos esportes desde a Olimpíada de Sydney, em 2000. Eles foram realizados pela primeira vez em 1966, durante o Campeonato de Atletismo Europeu. Todas as atletas foram aprovadas – embora seis tenham abandonado a competição para evitar o teste.