A seleção brasileira feminina de basquete comemora o aniversário de 20 anos de uma atuação histórica. No Pan-americano de Havana, em Cuba, o Brasil disputou a competição com força máxima e, comandada por Magic Paula e Hortência, a equipe venceu as donas da casa por 97 a 76 e levou a medalha de ouro para casa.
Principais nomes do basquete brasileiro nos anos 1990, Magic Paula, Hortência e Janeth relembraram a medalha que, em suas avaliações, foi a força motriz daquela geração de jogadoras rumo às conquistas subsequentes, o título Mundial em 1994 e a prata olímpica em 1996.
O Brasil iniciou a campanha pan-americana com nomes como Paula, Hortência, Janeth, Marta Sobral e Ruth, além de Nádia, Vânia, Simone, Ana Motta, Joyce, Roseli e Adriana. Na sua campanha, venceu os Estados Unidos logo na primeira partida. Depois, passou por Canadá, Cuba e Argentina nas primeiras fases. Depois, bateu novamente o Canadá na semifinal, vencendo Cuba mais uma vez na decisão.
‘Foi a primeira vitória importante da equipe e marcou a arrancada de uma geração inteira’, ressaltou Hortência Marcari, que hoje é diretora de seleções da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), e teve a opinião endossada pela principal companheira de glórias, Magic Paula.
‘Apesar de depois termos vencido um Mundial e conquistado uma prata olímpica essa medalha de ouro no Pan de Havana teve uma repercussão maior por tudo que envolveu’, afirmou Paula.
FIDEL CASTRO MOTIVA BRASILEIRAS – Durante a cerimônia no pódio, o líder cubano Fidel Castro brincou com as jogadoras brasileiras, que até então ainda não ostentavam o status de estrelas que adquiriram logo a seguir, e aquela equipe passou a ser respeitado no cenário internacional.
‘A figura do Fidel marcou para o Brasil todo. Afinal de contas tínhamos acabado de vencer a equipe dele. Independente de posições políticas, ele foi um grande líder’, lembrou Hortência.
‘Foi muito gentil da parte do Fidel descer de seu camarote para parabenizar nossa equipe. Só deu mais valor ao nosso título’, disse Paula.
O título deu um grande fôlego para uma geração que ainda dava os primeiros passos, mas conquistou a maior glória de sua história anos depois. Já em 1992, pela primeira vez a seleção se classificou para os Jogos Olímpicos, o que resultou no sétimo lugar em Barcelona-ESP. Dois anos depois, elas conquistaram o título mundial na Austrália, e em 1996 foi a vez da prata olímpica, em Atlanta (EUA).
Antes dos Jogos Pan-Americanos em Cuba, a seleção brasileira feminina não havia conquistado sucesso em competições internacionais – até então, a equipe nunca havia disputado uma olimpíada e o único pódio em Mundiais havia sido a medalha de bronze em 1971, em São Paulo. Além de Paula e Hortência, a equipe da técnica Maria Helena Cardoso contou com Janeth, que atualmente acompanha a seleção na Universíade, na China. Jovem integrante do elenco campeão Pan-americano, ela lembrou da sua primeira conquista como atleta do Brasil.
‘Foi um momento muito importante para todas nós. Era um grupo muito unido, muito bem entrosado e harmonioso’, lembrou Janeth Arcain.
O presidente da CBB, Carlos Nunes, falou da importância do título para o basquete atual, que está em fase de treinos para o Pré-olímpico das Américas no próximo mês de setembro, na Colômbia.
‘É uma conquista que até hoje colhemos frutos. Desde aquele dia, há 20 anos, serve de inspiração para as meninas que hoje jogam basquete e se preparam para disputar o Pré-olímpico, em Neiva, na Colômbia. É um motivo de muito orgulho para nós brasileiros’, elogiou Nunes.