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Rafaela Silva, a esperança de uma geração de judocas

Crianças e adolescentes que treinam junto com ela, próximo à Cidade de Deus, torceram e choraram: eles querem ser Rafaela

Por Cecília Ritto
Atualizado em 8 ago 2016, 18h12 - Publicado em 8 ago 2016, 17h53

A primeira vez que a Cidade de Deus se reconheceu através de uma tela foi na sequência de cenas violentas, retratadas no filme que leva o nome da favela, dirigido por Fernando Meirelles. Nesse mundo onde a presença indiscreta do tráfico de drogas e das armas portadas na cintura do poder paralelo são parte da realidade, nasceu Rafaela Silva. Com uma medalha de ouro no peito conquistada na tarde desta segunda-feira, Rafa, como é conhecida, representou a melhor imagem dos moradores da Cidade de Deus. Arrancou sorrisos e lágrimas de quem, em poucas vezes, soube o que é ter orgulho do lugar onde mora. Ela é a esperança de uma nova vida a centenas de crianças, que praticam o judô no mesmo polo de treinamento em que ela começou o esporte e até hoje permanece, perto da favela. 

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“A Rafaela saiu do mesmo lugar que a gente e chegou à Olimpíada treinando duro. A gente pode chegar lá também”, diz Mateus Abreu, de 11 anos, morador da Cidade de Deus. Ele e mais 12 amigos que treinam judô no local acompanharam juntos as lutas de hoje em um telão instalado no polo, do instituto Reação, criado pelo ex-judoca Flavio Canto e pelo ex-treinador da seleção brasileira masculina Geraldo Bernardes. Quando Rafaela apareceu na imagem, a torcida deu início aos gritos de “vamos, Rafa”. Na luta pelo ouro, aplaudiram, apertaram as mãos, roeram as unhas e fizeram o coro de “vai, vai, vai”, pedindo para que a luta acabasse logo e ela fosse declarada campeã olímpica. Depois da contagem regressiva, a euforia contagiou o ambiente.

São crianças e adolescentes para os quais o esporte, desde cedo, não é só uma diversão. Eles treinam pesado, às vezes seis horas por dia, com um objetivo claro: viver do judô. “Entrei porque era muito bagunceira e aqui a disciplina é forte. Agora, vejo o judô como uma grande oportunidade”, diz Anna Carolina Belém, de 14 anos, que carrega o sonho de entrar na seleção pela categoria pesado, acima dos 78 quilos. “Se não fosse o judô, provavelmente não faria nada”, afirma João Paulo Braga, de 16 anos. Todos já viram Rafaela por aqui e todos os que já acompanhavam e treinavam judô em 2012 choraram quando ela foi eliminada da Olimpíada por um golpe irregular na primeira disputa. No mesmo dia, foi xingada em redes sociais e ofendida por palavras racistas. 

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Danielle Ferreira, treinadora do instituto Reação, conheceu Rafaela quando tinha 12 anos e a agora campeã, 8. Ao ver a amiga vencer a luta, chorou. “Ela era brigona, nunca gostou de perder. Passa a história na cabeça e eu me emociono porque não foi fácil para ela chegar até o dia de hoje”, diz. No local de treinamento, uma frase pendurada na parede resume o que todos ali vivenciam: “De todas as minhas lutas que me levaram à final do mundial, as fora do tatame foram as mais difíceis”. A autora é Rafaela Silva, que, no alto do pódio, dá a certeza a uma nova geração de judocas de que no esporte tudo é possível.

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