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Ídolo do Manchester United jogará final no olho do furacão

Ryan Giggs foi à Justiça para impedir uma ex-'Big Brother' de revelar seu caso extraconjugal na imprensa. Acabou mergulhando o país numa grande polêmica

Por Giancarlo Lepiani, de Londres
24 Maio 2011, 08h20

Todos concordam com a premissa de manter o sigilo sobre processos delicados como o de Giggs – mas ninguém se entende quando o assunto é garantir esse direito sem censurar a imprensa e a internet

Não restam exemplos positivos no futebol inglês, o mais disputado e organizado do planeta. Algumas coisas, porém, se repetem em qualquer lugar onde os jogadores são tratados como celebridades. Seja no Brasil, seja na Inglaterra, alguns dos craques mais admirados pelos torcedores acabam se revelando grandes campeões em uma modalidade alternativa: o salto de cerca. Casos extraconjugais envolvendo jogadores famosos (inclusive da seleção) são revelados com impressionante frequência pela imprensa britânica. O mais recente deles, no entanto, transformou-se numa polêmica de proporções monumentais – tanto que foi comentado até pelo primeiro-ministro David Cameron e acabou ganhando seu capítulo decisivo em pleno Parlamento. E poderá influenciar o resultado do principal jogo da temporada.

A controvérsia já durava uma semana, período em que os jornais ingleses noticiaram de forma incessante uma briga judicial que envolve uma ex-participante do reality show Big Brother e um dos jogadores mais famosos do país. A modelo Imogen Thomas dizia ter mantido um caso com o atleta, que é casado, durante sete anos. O caso ganhou repercussão muito maior pelo fato de que ela foi proibida pela Justiça, a pedido do jogador, de revelar o nome dele numa entrevista que seria publicada pelo tabloide The Sun. Não adiantou. Na tarde de segunda-feira, um deputado revelou publicamente no Parlamento a identidade do atleta: Ryan Giggs, o veterano craque do Manchester United, considerado um modelo de conduta e o atleta símbolo da equipe, campeã inglesa deste ano e finalista da Liga dos Campeões. Mais curioso ainda é que pouca gente foi pega de surpresa.

Mordaça – Desde que a Justiça proibiu a ex-Big Brother de contar quem era seu amante, a informação vazou via Twitter. Giggs reagiu da pior forma possível, acionando os tribunais para conseguir uma ordem proibindo que qualquer pessoa divulgasse que era ele o caso misterioso da modelo Imogen, fosse nos jornais, fosse na internet. Ele só poderia ser citado pela sigla “CTB”, de forma a dificultar sua identificação. Criou-se uma situação absolutamente bizarra: qualquer um que falasse que “CTB” era Giggs – ainda que num simples tweet anônimo – estaria sujeito a uma ação judicial. A revolta da imprensa e a reação negativa entre os usuários do Twitter na Grã-Bretanha motivou o premiê Cameron a se pronunciar. Ele classificou de “insustentável” a situação e se disse preocupado ao ver uma celebridade conseguir amordaçar a imprensa.

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No domingo, um jornal escocês desafiou a ordem (dizendo que ela só valia para a Inglaterra) e publicou uma foto de Giggs na capa, com os olhos cobertos por uma tarja preta com a palavra “censurado”. De acordo com o Sunday Herald, a intenção não era fazer fofoca contra Giggs, mas sim desafiar a mordaça imposta aos jornais. Horas depois, Giggs encarou outro duro golpe em sua tentativa de abafar o caso. Jogando no estádio Old Trafford, em Manchester, na partida que marcou a festa da conquista do título inglês, o jogador ouviu das arquibancadas um coro constrangedor da torcida adversária – enquanto sua mulher estava nas arquibancadas. O golpe final na estratégia de Giggs veio na segunda-feira, quando o deputado John Hemming, do partido Liberal Democrata, falou seu nome em público, aproveitando o fato de ter imunidade parlamentar.

Direito – Hemming disse que decidiu acabar com o segredo de Giggs “quando ele indicou que queria ir atrás de pessoas comuns para processá-las só por causa de uma fofoca na internet”. A justificativa faz sentido, mas ainda assim Hemming foi duramente criticado por outros parlamentares, provocando um debate ainda mais quente. “Ele foi irresponsável”, criticou o trabalhista Tom Harris, lembrando que Hemming desrespeitou de propósito uma decisão tomada pela Justiça. Na noite de segunda, o assunto dominou os noticiários da TV inglesa – a rede BBC convidou Hemming e outros políticos para uma acalorada discussão sobre o direito à privacidade dos ricos e famosos. Todos concordam com a premissa de manter o sigilo sobre processos delicados como o de Giggs – mas ninguém se entende quando o assunto é garantir esse direito sem censurar a imprensa e a internet.

Enquanto isso, Giggs se prepara para um dos jogos mais importantes de sua carreira, no sábado, contra o Barcelona, valendo o tetracampeonato da Liga dos Campeões. Respirar novos ares nessa semana decisiva, fora da Inglaterra, viria a calhar. Para azar do craque, contudo, a finalíssima acontece justamente no país. O Manchester United deverá chegar a Londres só no fim da semana. No Estádio de Wembley, espera-se que ele escape das brincadeiras dos torcedores – metade será de fãs do United, e a outra metade, do Barça, dificilmente usará o escândalo para provocar ou vaiar Giggs. O caso, afinal, fala mais alto para os próprios ingleses. O que permite concluir que Giggs poderá escapar impune dos xingamentos de torcedores, mas terá de mostrar grande habilidade para driblar as perguntas dos jornalistas e não perder a concentração no jogo.

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